Aramy Fablicio
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Em 5 de junho comemora-se o dia mundial do meio ambiente, mas comemorar o quê? A devastação das florestas, a extinção dos animais, o eco das motosserras floresta adentro, a agonia das plantas e dos animais ardendo no fogo. Animais aprisionados em jaulas, gaiolas e correntes servindo como objeto de prazer sádico dos humanos. Os animais abatidos pelo caça. Os maus-tratos sofridos pelos animais, sejam selvagens, domésticos ou domesticados. O sofrimentos dos animais usados como cobaias para testes e vivissecções. O extermínio dos índios e suas terras tomadas, as leis ambientais estúpidas que favorecem os interesses dos latifundiários e não a conservação da natureza. A construção de usinas nucleares, a fabricação de bombas atômicas, como se não bastassem os exemplos de Hiroshima e Nagasaki, o vazamento nos anos oitenta nas usinas nucleares de Chernobyl na Rússia e Angra dos Reis aqui no Brasil e até o recente problema no Japão, na usina de Fukushima. O vazamento de óleo no Alasca do navio Exon Valdez e na Baia de Guanabara pela Petrobrás e tantos e tantos exemplos. Comemorar a ambição e ganância dos governantes que só visam progresso desordenado sem respeitar o meio ambiente. Comemorar as ONG’s picaretas que usam o nome da natureza para ganhar dinheiro. O enriquecimento das multinacionais com ddt’s causando a extinção de plantas e animais e envenenando os humanos e todo o planeta. A hipocrisia das grandes empresas que usam a mídia para mascarar todo mal que causam à natureza. Comemorar a desertificação que causa mais miséria e fome em todo mundo, a água potável cada vez mais escassa e o aquecimento global. O comprometimento com a qualidade de vida da atual geração e das futuras gerações.
Como diminuir o tráfico de animais
“Os governos deveriam investir em políticas socioambientais, melhoria na capacitação dos policias florestais, abrir concurso público com critérios que busquem atrair pessoas que realmente tenham interesse com a causa ambiental. Hoje temos sede do IBAMA e policiais florestais apenas em grandes cidades dos estados, creio que esse trabalho de combate aos crimes ambientais deveria ser descentralizado, em cada município pequeno deveria existir pelo menos uma sede ou posto do IBAMA com funcionários para que a população pudesse recorrer em caso de crimes ambientais e melhor fiscalizar. Apenas ligar para o 0800 da Linha Verde não resolve, pois hoje não temos pessoas suficientes para fiscalizar”. Como melhorar a qualidade de vida no planeta se o homem nem se quer respeita os direitos dos animais?”, alega o ambientalista Aramy Fablício.
Além dessas medidas, é necessário que se mude a lei de crimes ambientais. “Acredito que se o Ibama e a polícia tivesse autonomia para agir como se age contra o tráfico de drogas a coisa funcionava. Assim como não se tolera o uso de drogas, não devia ser tolerado qualquer cidadão manter um animal silvestre aprisionado em sua casa. Quem estive com a guarda de qualquer animal silvestre deveria ser autuado, pagar multas, ser processado ou preso dependendo do caso. Hoje é comum vermos pessoas circulando livremente com animais silvestres presos”.
Mesmo que tenhamos um bom aparato policial para fiscalizar os crimes ambientais, mas se não houver conscientização da sociedade civil para não comprar os animais selvagens, pouco vai adiantar. Na cidade de Fagundes, muitos já tomaram consciência através dos projetos do ambientalista Aramy Fablicio. Entre esses projetos destacam-se o Biqueira Velha, que utiliza plaquinhas feita de zinco reaproveitado de biqueiras velhas (calhas). As placas com os dizeres “Proibido caçar e capturar animais” são afixadas nas propriedades com o consentimento dos proprietários.
O sucesso desse projeto é tanto que fez surgir outro denominado de Natureza Livre que é uma área de soltura de animais na zona rural de Fagundes. Hoje a maioria dos proprietários de terra do município de Fagundes e cidades vizinhas aderiram ao projeto Biqueira Velha, fazendo com que diminuam os crimes ambientais na região. São atitudes aparentemente simples, mas de grandes resultados, pois hoje podemos encontrar um grande número de animais silvestres. Esses projetos envolvem reciclagem do zinco, educação ambiental para os donos das propriedades e a população, e preservação da natureza.
“Os meios de comunicações tem grande importância na conscientização da sociedade. Na Paraíba e em outros estados do Brasil felizmente temos encontrado bastante apoio da mídia para nos ajudar nas causas ambientais através da divulgação de informações e matérias sobre o assunto. As apreensões realizadas pelo Ibama e outros órgãos ajudam, mas a melhor prevenção é a informação, sensibilização e conscientização da população para não manter animais em cativeiro, nem caçar. As escolas ainda estão longe de cumprir seu papel como agente de conscientização da população, pois pouco se fala em educação ambiental nas salas de aula, imagine agir!”, desabafa Aramy.
Enquanto existem muitos projetos teóricos, a realidade ambiental da Paraíba e do Brasil é bem diferente. Aqui na Paraíba, por exemplo, as aves migratórias como o Bigodinho (Sporophila lineola), Caboclinho Lindo, Papa Capim, Gaturão, entre outras, que vem se reproduzir no período chuvoso corre risco de extinção. O alerta é do Ambientalista Aramy Fablicio que conhece bem essas aves e as observa desde a década de setenta. Segundo ele, cada ano que passa diminui o numero de aves migratórias e nativas devido aos predadores humanos que apreendem ou caçam essas aves e outros animais para comercializar clandestinamente.
“Os capturadores estão cada vez mais com equipamentos sofisticados, como GPS, gaiolas com oito alçapões, redes que capturam de beija-flor a gavião, o que importa é a quantidade e a biodiversidade de animais capturadas, pois assim se ganha mais dinheiro. O mais preocupante é que essas capturas ocorrem justamente no período da reprodução. Eles aliciam jovens e adultos. Alguns jovens deixam até de estudar para capturar animais por ver nesse negócio uma forma lucrativa. Os predadores vêm de várias cidades e estados para capturar os animais. Em Fagundes (PB), muitos moradores já tem consciência e não permitem a captura de animais e chegam a expulsar os traficantes. O que preocupa é que em outras cidades nem todos os moradores não têm essa mesma consciência”, explica o ambientalista Aramy Fablicio.
O mundo moderno sofre consequências ambientais com a ação do homem que tende não só exterminar a vida selvagem, mas também o próprio habitat onde está destinado a viver. “Então, comemorar o quê?”, alerta do ambientalista Aramy Fablício.
Mais informações: www.aramyfablicio.org / E-mail: [email protected] / Tel.: (83) 9955-5534 ou 8868-7218
*Reportagem de Edimilson Camilo