Por Lilian Regato Garrafa (da Redação)
Em observância ao Dia Mundial Antivivissecção, centenas de ativistas realizaram, em várias cidades brasileiras, manifestações pacíficas contra o uso de animais vivos em testes e experimentações científicas. Em São Paulo, cerca de 300 manifestantes compareceram neste sábado (16) no vão do Masp, na Avenida Paulista, para dar voz aos animais vítimas de métodos anacrônicos e desprovidos de ética.
Convocados por intermédio da rede social Facebook, pelo grupo “”O Planeta Pede Socorro!!!””, os manifestantes mostravam grande disposição em expor à sociedade o sofrimento desnecessário pelo qual passam os animais escravizados em laboratórios e biotérios.
A exibição de cartazes com fotos de animais engaiolados, dissecados e torturados em vida pretendeu desvendar a realidade por trás de cada medicamento ou produto cosmético, de higiene ou de limpeza, que grande parte das pessoas compra desconhecendo sua origem macabra, manchada de sangue e brutalidade.
O principal enfoque dado ao protesto foi a ineficácia dos testes e o desenvolvimento de novas tecnologias já disponíveis para ensino e pesquisa, que prescindem de forma absoluta do uso de animais para investigação de efeitos nos seres humanos, além de serem muito mais confiáveis e eficientes.
Uma prova de que os testes em animais não são eficazes é a lista de mais de cem medicamentos cuja tolerância nos animais exaustivamente testados se demonstrou alta, mas que causaram não só danos em humanos, como também morte após a ingestão das drogas (clique aqui para ver a descrição de uma série de efeitos danosos dos tais fracassados testes). É mais do que evidente que o tipo de reação causada nos animais não pode ser comparado ao desencadeado no corpo humano.
Nos panfletos distribuídos durante o protesto, ressaltava-se uma lista de novos recursos alternativos à vivissecção: softwares, culturas de células humanas em laboratórios; simuladores que reproduzem as mesmas características do corpo; células-tronco; pesquisa genética; sistemas biológicos in vitro; modelos; simuladores; autoexperimentação e outros.
Recentemente a Anda divulgou o desenvolvimento de um software que pode substituir o uso de animais nas aulas de Fisiologia e Biofísica, simulando o procedimento feito atualmente em rãs na Universidade de Campinas. Isso comprovadamente mostra que bastam a iniciativa e o apoio das leis para que os animais sejam completamente substituídos nos laboratórios.
A exigência de ética foi constantemente ressaltada pelos organizadores da manifestação, que, ao megafone, pediam que as pessoas não fechassem os olhos para a triste realidade das vidas descartadas em nome de uma ciência charlatã e gananciosa. Um petição também circulou arrecadando assinaturas contra o uso de animais em pesquisas.
Alguns ativistas se dispuseram a fazer performances nos faróis para simular o sofrimento dos animais e chamar a atenção dos pedestres e motoristas que passavam pela avenida.
O alvo da manifestação foi o Ministério da Ciência e da Tecnologia, comandado por Aloisio Mercadante, que defende o cruel uso de animais no desenvolvimento de novos fármacos e procedimentos para o “avanço” da pesquisa e da ciência. Um apelo foi feito para que todos se manifestem escrevendo às autoridades que defendem essa prática cruel e falaciosa dos testes, pedindo que considerem as argumentações contrárias ao uso de animais. A informação sobre os políticos que compactuam com essa postura é fundamental para não só exigir deles uma decisão ética na elaboração das leis, como também não votar neles em eleições futuras.
Incansável e engajada, a voluntária ativista e protetora Maria Paulina dos Santos comoveu os manifestantes e transeuntes ao descrever ao megafone o sofrimento pelo qual passam os animais vítimas da ciência. Ela fez um apelo para que todos pensassem em seus animais e transferissem a imagem deles para os animais que não têm alternativas nos biotérios.
Vivian Szwarc, uma das organizadoras do evento, solicitou atenção à necessidade de haver maiores incentivos do governo e dos órgãos de pesquisa para substituir todos os tipos de testes em animais. E lembrou que o mercado de cosméticos e as indústrias deveriam usar todos os métodos alternativos que existem, embora os laboratórios e o governo mantenham o lobby para se ganhar muito dinheiro com os animais e as pesquisas infundadas, já que a biologia e constituição dos animais são diferentes das humanas.
O protesto se encerrou ocupando uma das vias da Avenida Paulista com uma caminhada, agregando também um grupo que coincidentemente protestava contra o novo código florestal e uniu-se aos manifestantes compartilhando do mesmo princípio de defesa dos animais contra a tortura institucionalizada.
Capital Federal
Em Brasília, o grupo “Cadeia para quem maltrata animais” realizou uma manifestação em frente ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Vestindo jalecos e com máscaras nos rostos, cerca de 100 ativistas distribuíram cartazes e folhetos para conscientizar a população da necessidade de abolir o uso de animais em experimentos científicos.
O grupo mostrou a quem passava pelo local que existem técnicas alternativas com resultados mais eficientes e precisos. A coordenadora da manifestação, Patrícia Elmoor, diz que para abolir o uso de animais é preciso vontade pública e política. E defende que é possível conscientizar os consumidores para que não usem produtos que sejam desenvolvidos a partir de experimentos com animais.
Foram realizadas também manifestações no Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e Campinas.
Assista a um vídeo produzido pela VegeTV com depoimentos de ativistas e organizadores do protesto de São Paulo: