Curioso como são necessárias campanhas para algo tão natural como o ato de amamentar, que deveria ser espontâneo, já que as mães e toda a humanidade romantizam o tal ‘instinto materno’. Mais curioso ainda, e decepcionante, é que adultos sigam bebendo leite de outras espécies, sugando fêmeas, que precisam ser estupradas e mantidas grávidas eternamente. O cúmulo da anti-saúde e anti-feminismo.
Minha avó, ‘nona’ para os descendentes de italianos, teve vários filhos que amamentou por muito tempo, pois era pobre e não se deu a luxos. Um dia eu a vi sem roupa – ela era bem velhinha e tinha os seios firmes para sua idade. Nunca me esquecerei dessa imagem. Ela nunca usou sapatos – pois vivia andando no meio do mato, e chegou a ser enterrada descalçaa – e tampouco usou sutiã. Por causa dessa cena tão impactante, desencanei dessa neurose coletiva feminina e social de usar sutiã, de se importar com o tamanho e a densidade dos seios, de achar que eles só servem para agradar aos homens e de achar que o leite vem dos outros animais e não dessas glândulas adoráveis.
Uma mulher não se sente à vontade para amamentar em público, pois suas tetas são alvo dos olhares de tarados, que só veem uma única função, ali. E a humanidade segue pensando que leite vem do refrigerador, como diz o Kiko, personagem do Chaves.