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CONSCIENTIZAÇÃO

Dia dos Animais: o desafio de agir com ética em relação a todos os seres vivos

4 de outubro de 2025
Thamara Falco, Diretora de Comunicação e Marketing da Mercy For Animals no Brasil
3 min. de leitura
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Foto: Mercy For Animals

No dia 4 de outubro, celebramos o Dia Mundial dos Animais, uma data que nos convida a refletir sobre nossa relação com todas as formas de vida. Hoje é também o dia de São Francisco de Assis, símbolo universal de compaixão e da visão de que humanos e animais fazem parte de um mesmo ecossistema — uma perspectiva muito atual em um mundo marcado por crises ambientais que impactam diretamente todos os seres.

Os animais ocupam um espaço afetivo e simbólico na vida humana. Quem nunca se emocionou com a lealdade de um cachorro ou com a delicadeza de um pássaro? Existe uma afinidade natural com os animais domésticos, assim como uma preocupação crescente com a preservação da biodiversidade e o bem-estar da fauna silvestre. No entanto, há uma incoerência difícil de ignorar: enquanto alguns animais são amados, protegidos e vistos como parte da família, outros, especialmente aqueles explorados pela pecuária, permanecem invisíveis aos olhos humanos.

Todos os anos, bilhões de galinhas, vacas, porcos e outras espécies são criadas de maneira intensiva para alimentar a humanidade. São seres que sentem dor, medo, afeto e alegria, assim como todos os outros animais. Práticas como o confinamento extremo, as mutilações realizadas sem anestesia e o transporte em condições degradantes fazem parte de uma realidade cotidiana, mas raramente vista. Esses métodos não são inevitáveis, eles resultam de escolhas humanas e de um modelo produtivo que prioriza eficiência a qualquer custo. O que falta, neste momento, é ampliar o escopo do debate ético – reconhecer que a sensibilidade que nos leva a proteger um cachorro do abandono também deveria nos mobilizar a repensar como tratamos os animais explorados para consumo na pecuária.

Hoje, a sociedade global está diante de um balanço, um chamado para refletir sobre como nossas decisões afetam todos os seres vivos e os ecossistemas. Já entendemos que decisões políticas como a regulamentação da produção de alimentos ou o estabelecimento de metas climáticas não podem ser construídas apenas a partir de cálculos econômicos. É preciso trazer uma perspectiva ética que reconheça a interdependência entre humanos, animais e o planeta.

É nesse contexto que a sociedade civil organizada, formada por milhões de pessoas ao redor do mundo, desempenha um papel central. Juntas, mobilizam governos, empresas e comunidades, promovendo alternativas mais éticas, sustentáveis e baseadas em vegetais. A Mercy For Animals, organização internacional, contribui por meio de investigações, campanhas de mobilização social e diálogo com governos e empresas, expondo práticas da indústria, gerando apoio público em larga escala e impulsionando mudanças estruturais na produção e no consumo de alimentos. Dessa forma, a defesa dos animais se conecta à construção de sistemas alimentares mais responsáveis.

No Brasil, estamos diante de oportunidades únicas. Nosso país tem um papel central no sistema alimentar global e pode liderar uma transformação que reúne bem-estar animal, sustentabilidade e saúde pública. A Constituição Federal, ao garantir o direito ao meio ambiente equilibrado, já estabelece fundamentos para proteger os animais e promover práticas mais responsáveis. Avançar na proteção desses seres não é apenas uma questão moral: é também uma estratégia para enfrentar crises como as mudanças climáticas e as pandemias. Quando mudamos a realidade dos animais, protegemos ecossistemas, reduzimos riscos sanitários e construímos um futuro mais seguro para todos.

Neste Dia Mundial dos Animais, o convite é para uma reflexão coletiva. Que possamos transcender divisões, abrir espaço para o diálogo e ampliar nosso círculo de compaixão. Os animais não têm voz para reivindicar seus direitos, mas nós temos. Cada escolha conta, seja na forma como consumimos, nas causas que apoiamos ou na forma como influenciamos políticas públicas. Que possamos nos inspirar no legado de São Francisco de Assis, que nos lembra a importância de enxergar todos os seres com respeito e cuidado. No fim, cuidar dos animais, da natureza e uns dos outros é cuidar da humanidade que ainda podemos ser.

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