Na próxima quarta-feira, 12 de outubro, feriado nacional em comemoração ao Dia da Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, e o Dia das Crianças. Nesta data, haverá também a celebração do 13º Dia Nacional do Lobo-Guará e do Dia da Conservação da Biodiversidade do Cerrado. Das 13h às 17h, a Secretaria do Meio Ambiente (Sema) realizará exposições interativas, teatro ecológico, distribuição de mudas, pintura de rosto, intervenções artísticas, entre outras atividades.
O objetivo é conscientizar à comunidade sobre a importância da conservação do ecossistema do Cerrado, por meio da sua espécie símbolo: o lobo-guará. “O Dia do Lobo-Guará é uma das datas mais importantes para todos nós”, destaca Viviane Rachid, da área de Educação Ambiental da Secretaria do Meio Ambiente.
O Cerrado está presente nos estados do Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil, áreas de grande concentração e crescimento populacional. Com esse crescimento, as áreas verdes são reduzidas a pequenas manchas entre estradas e o alimento para esses animais fica escasso. Quando o lobo-guará sai em busca de alimento, acaba encontrando as estradas e são atropelados. São poucos os casos em que eles sobrevivem.
Além disso, o Cerrado tem uma vegetação baixa e de aparência seca, que queima com facilidade e espalha o fogo rapidamente, o que não dá aos animais muito tempo para fugir. Assim, alguns acabam sofrendo queimaduras sérias e morrem. E, os que fogem, correm o perigo de serem atropelados.
Mas não é só nas proximidades da Zona Urbana que esse animal sofre. Na Zona Rural, o lobo-guará é visto como vilão pelos fazendeiros. Como o alimento nas pequenas áreas onde vive não é suficiente, ele é atraído para sítios e fazendas pelo cheiro de alimento e das aves domésticas, como as galinhas, por exemplo. O lobo-guará, então, acaba se alimentando delas, causando prejuízo aos fazendeiros que, para protegê-las, colocam armadilhas para capturá-lo e até mata-lo. Atualmente, existem formas mais simples de construir galinheiro e outros elementos de proteção da casa no meio rural, como cercas simples de arame farpado e mourões.
Os lobos
O Lobo-guará é o maior cão selvagem da América do Sul e vive aproximadamente 20 anos. Com cerca de 1 metro de altura e peso entre 20 e 25 Kg, o animal tem pelagem avermelhada, exceto no pescoço, patas e ponta da cauda, que são de cor preta. Atualmente há três em Sorocaba: “Sorocaba”, “Tatuí” e “Caio”.
“Sorocaba” chegou ao “Quinzinho” em setembro de 2002, capturada em um quintal de uma cada no bairro Parada do Alto, já com cerca de 2 anos. Hoje, ela deve estar com aproximadamente 12 anos e, mesmo sendo uma senhora, mantém seus hábitos: muito observadora, tímida e não aceita contato humano. A perda de habitat é um problema sério para essas espécies que vivem em biomas que foram drasticamente reduzidos. Os animais acabam entrando em áreas muitas populosas para encontrar alimento e abrigo, assustando os moradores.
“Tatuí” foi vítima de atropelamento e teve uma fratura séria na pata dianteira. Foi mandada para o Hospital Veterinário da Unesp, em Botucatu, onde fez uma cirurgia e tratamento. Mas, devido à gravidade da fratura, a loba perdeu os movimentos da pata. Atropelamento de animais silvestres é um dos problemas mais graves na região, pois há grande movimento de veículos, a maioria em alta velocidade, fazendo diminuir o tempo de resposta que os motoristas têm para evitar tais situações. É comum o Corpo de Bombeiros e a Polícia Ambiental atenderem casos de atropelamento nas rodovias e poucos são os animais que sobrevivem.
“Caio” chegou ao em dezembro de 2009 com cerca de seis meses, vindo do Hospital Veterinário da Unesp de Botucatu. Por ser jovem, é muito curioso, observador e se arrisca mais nas suas brincadeiras. Veio para formar um casal com uma fêmea de idade compatível e cruzar, mas nenhuma das lobas teve filhotes no local. Além de sofrer com falta de habitat, esses animais são alvo de caçadores, atrás de troféus ou símbolos de superstição, como a pele, o olho e até as fezes. Em um parque no norte do Estado de São Paulo existia um lobo que tinha um olho furado, pois há uma crendice popular de que arrancar o ‘olho direito’ do animal enquanto vivo ‘dá sorte’.
Fonte: Cuzeiro do Sul