Nesta quinta-feira (27), o mundo celebra o Dia Internacional do Urso-Polar. A data foi estabelecida em 2011 pela organização Polar Bears International para alertar sobre os problemas que a espécie enfrenta e a necessidade de protegê-la.
Já é mais do que comprovado que as mudanças climáticas estão impactando severamente a vida desses animais. Eles, inclusive, estão classificados como vulneráveis na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).
Seu maior desafio hoje é a perda de gelo marinho devido ao aquecimento global. O ponto é que os ursos-polares dependem desse gelo para caçar, procriar, vagar e, às vezes, para fazer tocas.
Mas o Ártico está esquentando e o gelo está derretendo. Com isso, eles enfrentam dificuldades para caçar a sua principal fonte de alimentos (as focas), além de peixes, e assim passam mais fome e acabam ficando mais tempo em terra.
Também não conseguem se preparar adequadamente para os meses de verão, período em que jejuam, o que afeta a sua capacidade de criarem filhotes com sucesso e, no pior dos cenários, pode levar à morte.
Deslocamento em busca de comida
Uma pesquisa publicada no periódico Ecosphere revelou que o derretimento do gelo no Alasca está forçando os ursos-polares a se deslocarem mais em busca de comida, fazendo-os gastar mais energia, outra questão que ameaça a sua sobrevivência.
Pelos dados coletados, a área que os animais precisavam ocupar para conseguir alimentos e outros recursos era cerca de 64% maior no período entre 1999 e 2016 em comparação ao intervalo de 1986 a 1998.
Um artigo publicado na revista Oryx revelou outro problema relacionado à diminuição da camada congelada no Ártico e a busca dos ursos polares por comida: eles estão indo atrás de lixões, onde acabam ingerindo embalagens plásticas, madeira, metal e outros materiais não comestíveis que são extremamente nocivos à sua saúde.
Toda essa movimentação ainda aumenta a competição entre os animais – já que a comida está escassa – e, também, os conflitos com humanos, às vezes com resultados trágicos.
Mais uma questão que envolve o aquecimento do Ártico e a diminuição do gelo é que os ursos-polares se tornam mais propensos a doenças. Um estudo sobre uma população do Mar de Chukchi, que vive em uma área que sofreu uma perda massiva de gelo marinho, sugeriu que os animais estão sendo expostos a mais patógenos (bactérias, vírus e parasitas) do que antes.
Além disso, uma pesquisa da Universidade de Washington mostrou que a espécie está desenvolvendo ferimentos graves nas patas, como cortes e cicatrizes. Os pesquisadores observam que, entre 2012 e 2022, a mudança nas condições do gelo, incluindo ciclos de congelamento e descongelamento, contribuiu para a formação de crostas de gelo duras que ficam presas nas patas, causando do e dificultando a locomoção.
Outros desafios enfrentados pelos ursos-polares são as atividades comerciais, que cresceram no Ártico conforme a região se tornou mais acessível, com menos gelo. Elas incluem exploração e desenvolvimento de petróleo e gás, transporte, mineração e turismo.
A atividade de petróleo e gás, por exemplo, não só traz o risco de vazamentos, mas pode perturbar as mães e os filhotes escondidos em tocas sob a neve, o período mais vulnerável do ciclo de vida deles.
A conservação dos ursos polares representa um esforço global para conter os danos ambientais causados pelo ser humano. A solução passa por uma redução drástica na extração de combustíveis fósseis que liberam gases de efeito estufa, os principais responsáveis pelo aquecimento do planeta.
O Dia Internacional do Urso-Polar nos lembra que ainda há tempo para agir, mas essa janela está se fechando.
Fonte: Um Só Planeta