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LAMENTÁVEL

Dia da Consciência Negra: preconceito chega aos animais

20 de novembro de 2024
Lívia Marra
2 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

A data, dentre outras coisas, suscita questões sobre racismo, discriminação, igualdade social, inclusão de negros na sociedade e a cultura afro-brasileira. Mas o que isso tem a ver com os nossos queridos e amados peludos? O preconceito humano consegue ultrapassar a barreira do aceitável e chega aos cães e gatos.

Basta visitar uma ONG ou um abrigo e contar quantos animais pretos estão para doação. Muitos deles, já adultos por não haver interessados em adotá-los.

Se muitas pessoas (de todas as etnias) lutam para minimizar os abismos sociais, parece que muitas outras insistem em perpetuar o preconceito em todos os âmbitos. Se um dia os homens negros foram escravizados e disso surgiu uma soberania branca, nada há relação com os animais.

Qual é a justificativa ou antecedente histórico para que o cão ou gato branco valha mais que o cão ou gato preto?

É sabido por todos os mitos que existem sobre o gato preto. Mas e o cão preto, o pássaro preto, o rato preto ou o coelho preto? Não há qualquer mito sobre esses animais, mas sofrem do mesmo preconceito de menor beleza apenas por serem da cor preta.

Que ser humano é esse que cria um dia da consciência negra, mas rejeita seres de puro amor, como os animais, pelo simples fato de terem mais melanina.

Minha vivência

Uma vez eu sofri esse preconceito dentro da minha própria casa. Morava com uma colega de faculdade. A Fajuto, meu gato, era branco, alvo como a neve. A ele era permitido frequentar toda a casa, subir nas camas e ronronar para todas as visitas. Durante as minhas viagens, minha colega cuidava, alimentava e acarinhava meu gatinho.

Um dia Fajuto trouxe em sua boca um gatinho. Todo sujo e cheio de sarna, o pequeno filhote preto foi logo acolhido por mim. Porém, ao saber da presença de um gato preto na casa, minha colega mudou. Disse que não gostava de bichos pretos e queria ele longe. Apesar do seu chaveiro ser do Gato Félix (aquele desenho do gato preto com a mala mágica), na vida real, repudiava tanto o gato, que o deixava sem comer.

Em homenagem ao chaveiro, coloquei o nome do gato de Félix. No auge dos seus 12 anos, não sofre mais com a ignorância humana. Mas esse não é o destino de diversos animais.

Basta colocar em uma vitrine dois filhotes de cães da raça lulu da pomerânia, sendo um branco e o outro preto. Além de ter mais interessados, o da cor branca será mais caro, devido a sua raridade. Apesar de também pouco comum, o preto terá menos interessados e custará bem menos.

Como pode, em pleno século XXI, haver seres humanos que, além de desvalorizarem as pessoas pela cor da sua pele, rejeitam animais pelo seu pelo.

Fonte: Estadão

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