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Dezenas de elefantes são enviados para uma vida trágica em cativeiro na China

30 de julho de 2017
4 min. de leitura
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Segundo Ammann, os elefantes confinados no Laos são vendidos por aproximadamente £ 23 mil antes de atravessaram a fronteira para a China com adestradores ou “mahouts” perto da cidade fronteiriça de Boten.

Elefantes explorados como meio de transporte
Foto: Grant Dixon/Getty Images/Lonely Planet Images

Posteriormente, eles são transportados para instalações, que compram cada um dos agentes por até £ 230 mil. “Essa é uma boa margem de lucro e é exatamente o tipo de transação comercial que, de acordo com as regras da Cites, não é aceitável”, diz Ammann.

Ammann e sua equipe descobriram o comércio ilícito entre o Laos e a China no início deste ano enquanto investigavam a venda de 16 elefantes asiáticos do Laos para um parque safári em Dubai.

Nenhum dos elefantes tinha as permissões necessárias para exportação. A translocação foi interrompida por uma ordem direta do novo primeiro ministro do Laos, enquanto a Emirates Airlines Cargo 747 já estava na pista em Vientiane, a capital do país.

“Olhamos para o histórico desses elefantes e conhecemos vários exploradores, assim como o agente local que organizou essa venda”, explica Ammann.

Ele e sua equipe de investigação descobriram que o comércio de elefantes vivos do Laos envolvia principalmente a China, sendo que quase 100 animais terminam em zoos e instalações chineses, conforme noticiado pelo The Guardian.

Muitos mahouts disseram a Ammann que os elefantes são criados em cativeiro mas são descendentes de indivíduos selvagens. Para evitar custos no Laos,  as fêmeas são amarradas a árvores na floresta para que acasalem com machos selvagens. De acordo com o Apêndice I da Cites, um elefante com um pai selvagem em um cenário não controlado não é considerado cativo e, portanto, não pode ser comercializado.

Cerca de 100 elefantes asiáticos foram vendidos do Laos para a China nos últimos dois anos. Chunmei Hu, um ativista da China, diz que seis zoológicos – todos de propriedade do governo – possuem 38 elefantes confirmados do Laos e  outros 50 provavelmente são do país.

O comércio de elefantes asiáticos vivos infringe regulamentos internacionais. Como os paquidermes africanos, os asiáticos são considerados uma espécie ameaçada de extinção. Todo o comércio internacional é proibido pela Convenção do Comércio de Fauna e Flora Selvagens (Cites), exceto para fins comerciais ou quando os animais provêm de uma instalação de reprodução aprovada.

O Laos não possui uma única unidade de reprodução aprovada pela Cites e, segundo Ammann, as transações foram comerciais. Alguns zoos pagaram intermediários chineses por uma quantia até 10 vezes maior do que a paga aos exploradores no Laos.

Infelizmente, os elefantes são considerados uma atração popular e lucrativa em circos chineses, parques zoológicos e safáris. Frequentemente, eles são mantidos em péssimas condições e alguns revisores do Tripadvisor descrevem elefantes confinados em pequenas caixas de concreto. Eles são originários de vários lugares.

Em 2015, e novamente em 2016, em meio a um protesto global, zoos e safáris chineses receberam mais de 60 bebês elefantes africanos arrancados de suas famílias na natureza no Zimbábue. Atualmente, eles vivem no  Shanghai Wild Animal Park, Beijing Wildlife Park e no Hangzhou Safari Park, entre outros locais.

Esta é a primeira vez em que o Laos viola os regulamentos da Cites. Em Julho de 2016, o secretariado da Cites destacou “brechas na implementação do artigo XIII da convenção” e recomendou que o Laos melhore sua aplicação da lei referente ao tráfico de animais selvagens e plantas.

Um comitê técnico da Cites está no Laos para verificar o progresso do país. John  Scanlon, secretário geral da Cites, diz: “O nosso comentário sobre a alegada exportação de elefantes asiáticos do Laos dependerá inteiramente da natureza do comércio e dos detalhes da transação específica”.

Ammann permanece cético quanto a implementação de alguma iniciativa. “O secretariado da Cites deveria ter recomendado a suspensão do Laos por incumprimento e falta de aplicação da lei há muito tempo, mas eles são um órgão da ONU e balançar o barco não está na sua natureza, mesmo que a suspensão seja um instrumento de aplicação vital”.

Enquanto o Laos ainda tem um período considerável para acabar com o comércio, Ammann acredita que a China também precisa ser responsabilizada.

“A China tem estado na linha de frente da importação de espécies vivas icônicas de rinoceronte, orcas, elefantes e recentemente 150 chimpanzés e o artigo VIII da convenção determina que as partes envolvidas na importação ilegal sejam processadas, os animais resgatados e, se possível, repatriados. Mas isso não parece se aplicar à China”, conclui.

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