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Dez novos bebês são a esperança da Montanha dos Gorilas

29 de março de 2009
3 min. de leitura
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Por Fátima Chuecco  (da Redação)
O último censo realizado entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009 no Parque Nacional de Virunga, na República Democrática do Congo, encheu de esperança os preservacionistas que lutam pela sobrevivência dos gorilas-das-montanhas. Entre as seis famílias de gorilas localizadas no Parque (que foi decretado Patrimônio da Humanidade pela Unesco) há dez bebês. No maior dos grupos, na Kabirizi Family, que tem 33 membros, foram vistos cinco bebês saudáveis.
O resultado do censo indica um crescimento de 12,5% na população do Parque, que é monitorado pelo ICCN – Institut Congolais pour la Conservation de La Nature – e mantém um site onde diariamente pode-se acompanhar os trabalhos de campo: www.gorilla.cd . Os gorilas só existem num ponto do planeta, nas Montanhas de Virunga, exatamente na divisa entre República Democrática do Congo, Uganda e Ruanda. Ao todo eles somam cerca de 700 indivíduos, sendo que 380 estão nas montanhas entre os três países, e estima-se que mais 320 numa região da floresta montanhosa de Uganda de difícil acesso aos humanos.
Na República Democrática do Congo estão 211 gorilas, incluindo a Rugendo Family, da qual restaram apenas 9 membros depois do massacre de 2007, quando 7 gorilas foram assassinados com tiros na cabeça. Curiosamente, essa família tem hoje dois silverbacks comandando o grupo – algo inédito na natureza uma vez que cada grupo é liderado por apenas um silverback (também conhecido como dorso prateado). Além das famílias já conhecidas dos guardas florestais, foram avistados gorilas vindos, provavelmente, de outras regiões e três silverbacks solitários.
O pior lugar do mundo pra se viver
Devido a intensos conflitos entre rebeldes e exército congolês, os guardas florestais perderam o contato com os gorilas durante 16 meses. O período de guerra resultou num contingente de 250 mil refugiados, entre eles muitas famílias de guardas florestais. Além disso, o Parque de Virunga foi invadido por milícias e tornou-se impossível acompanhar e proteger os gorilas. Quando, no início de 2009, os guardas florestais puderam retomar seu trabalho graças a uma trégua negociada pela ONU, havia uma grande expectativa porque, acostumados aos humanos, muitos gorilas poderiam ter sido mortos.
“É um triunfo do trabalho de conservação realizado nos últimos 15 anos”, comentou o diretor do Parque Nacional de Virunga, Emmanuel de Merode. A sofrida vitória se deve aos preservacionistas e, especialmente, aos guardas florestais, que muitas vezes trabalharam em meio a uma guerra para o qual não estavam equipados nem preparados. Nos últimos 10 anos houve uma baixa de 150 guardas florestais. O último deles morreu em janeiro deste ano. Mas é incrível como eles se dedicam a esse trabalho com amor.
Vale lembrar que a República Democrática do Congo é, segundo a lista mundial de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), um dos piores lugares para se viver. Só perde para Serra Leoa. É nesse país, onde a vida humana perece dia após dia sem solução para a fome e a pobreza, que estão também os últimos remanescentes de uma espécie rara, à beira da extinção. Os gorilas-das-montanhas, apesar de grandes e fortes, são pacíficos e pagam grande preço por esse comportamento que deveria servir de exemplo para toda a humanidade. Mais informações, fotos e vídeos sobre os gorilas-das-montanhas podem ser vistas, em português, no site www.gorillashelp.com , uma extensão do Ano Internacional do Gorila no Brasil.

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