O morcego é o único mamífero (ou pelo menos o único descoberto até agora) que possui um sistema complexo de navegação interna. Uma pesquisa recente com o morcego da espécie Rousettus aegyptiacus (que come apenas frutas e vive na região do deserto israelense Negev) colocou um aparelho de GPS nos animais. No primeiro teste, eles foram soltos perto de sua caverna e foram diretamente para árvores que estavam a 15 km de distância para comer frutas. Os morcegos foram em linha reta, a 35 km/h, tendo desviado apenas 3% do caminho mais curto e, além disso, passaram por diversas árvores com alimento e não pararam.
O segundo teste já foi mais complicado. Os pesquisadores levaram os morcegos a um local a 44 km ao sul de sua caverna. Os animais voaram novamente em linha reta e na mesma velocidade, direto para as árvores as quais estão acostumados.
Desviaram apenas 15% do caminho. A terceira parte da pesquisa foi alimentar bem os morcegos e os soltar. Saciados, eles seguiram direto para a caverna e dormiram. Disso os cientistas puderam tirar uma conclusão: o sistema de navegação dos morcegos é mais complexo do que simplesmente registrar qual árvore tem a comida que ele gosta.
O teste final foi levar os mamíferos voadores a uma cratera distante 84 km de sua caverna. Alguns foram soltos na parte mais alta da borda da cratera e esses conseguiram rapidamente seguir em linha reta de volta a seu lar. Já outros foram soltos na parte mais profunda e, mesmo tentando ir para o norte que era a direção certa, tiveram dificuldade de chegar a superfície. Porém, ao chegarem, imediatamente se comportaram como os outros animais e rumaram para casa.
A conclusão foi que os morcegos possuem, sim, um complexo sistema de navegação. Ele se baseia na identificação da direção para a qual devem seguir combinado com a habilidade em reconhecer locais de pouso familiares. Os pesquisadores também estão convencidos de que o morcego usa sua ótima visão para se orientar nas viagens, e não apenas uma bússola interna.
A pesquisa foi conduzida por cientistas da Universidade Hebraica de Jerusalém e da universidade ETH, de Zurique, Suíça.
Fonte: Revista Galileu