Em 2018, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 31,4% das vacas foram mortas no Brasil
Por David Arioch
Você sabia que 30% do rebanho de vacas no Brasil é enviado para o matadouro por ano? Em 2018, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 31,4% das vacas foram mortas no país.
Isso ocorre porque todos os anos pecuaristas seguem o padrão de descartar cerca de 25% do rebanho para dar lugar a novilhas com “maior potencial de produção”. E claro, mais cedo ou mais tarde, todas as vacas serão mortas e reduzidas a pedaços de carne.
Em 2006, o Brasil matou 37,1% do rebanho nacional de vacas. Os critérios de morte para consumo envolvem idade, baixa produtividade, problemas de fertilidade, condição ginecológica, mastite e até mesmo o temperamento do animal é considerado, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Ou seja, se for um animal de “difícil manejo”, há o risco de enviá-lo mais rapidamente para o abate.
Uma estimativa sobre os últimos 18 anos de produção agropecuária no Brasil, considerando dados do IBGE, revelou que a média anual brasileira é de 30,9% de vacas abatidas e comercializadas como carne.
Essas fêmeas também são mortas quando desenvolvem problemas nas pernas e nos pés – como infecções ou artrite. Nesses casos, recomenda-se o sacrifício o quanto antes para que “a situação não se agrave e culmine em maior perda de carcaça” – que significa menor retorno do peso do animal como carne. Em muitos casos, a norma é condenação à morte logo após o diagnóstico da lesão.
A qualidade dos úberes é outro ponto de consideração entre pecuaristas. Se não forem classificados como adequados à atividade, o que é comum quando os úberes têm forma de funil, a vaca logo é enviada para o matadouro.
Além disso, vacas “mais maduras” são mortas antes que haja perda de significativa massa corporal. O que significa que as fêmeas que perdem um peso qualificado como bastante significativo estão sujeitas a serem abatidas mais cedo.
Outro ponto pouco conhecido é que as fêmeas que demandam atenção individual não são bem vistas nesse mercado, porque podem exigir mais custos de manutenção e resultar em menor produtividade. Sendo assim, também suscetíveis à morte mais precoce.
“Tem propriedade que a vaca falha um ano e já é descartada mesmo sendo jovem ainda, o que é chamado de pressão de seleção”, informa a pesquisadora da Embrapa, Alessandra Nicácio.
No Brasil, o primeiro trimestre normalmente é o período mais intenso de morte de vacas. Especialistas da área de produção leiteira costumam sugerir que as primeiras baixas na produção de leite já são um indicativo de que o animal deve ser morto o quanto antes para não gerar prejuízo ao “produtor de leite”.
Dessa forma, “elimina-se as vacas inferiores para elevar o padrão leiteiro”. “A produtividade das vacas e a maior incidência de doenças podem ser motivos suficientes para o descarte do animal, os problemas de casco, de aprumo, de ligamentos do úbere, são grandes influenciadores de descarte”, destaca artigo da Nutroeste Nutrição Animal sobre critérios para descarte de vacas leiteiras.
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