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CEARÁ

Desmatamento no entorno do Aeroporto de Fortaleza expõe animais a risco de morte

Imagens de animais fugindo para áreas urbanas e a morte de um sagui nos fios de alta tensão mostram os impactos imediatos da perda de habitat.

25 de setembro de 2025
Júlia Zanluchi
2 min. de leitura
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Foto: Aurélio Alves

O desmatamento de áreas de floresta no entorno do Aeroporto Pinto Martins, em Fortaleza (CE), na segunda-feira (22/09), é a representação perfeita do problema socioambiental e a grave questão ligada aos direitos animais na construção de aeroportos ao redor do mundo. Especialistas alertam que a derrubada de vegetação em zonas de Mata Atlântica coloca em risco a vida de inúmeros animais silvestres, que acabam sendo empurrados para áreas urbanas em busca de sobrevivência.

Imagens que circulam nas redes sociais desde o flagrante do desmatamento mostram a gravidade da situação, com animais escalando muros e postes próximos ao aeroporto. Um vídeo mostra um sagui eletrocutado em fios de alta tensão, problema comum quando se mistura infraestrutura urbana e vida silvestre.

Habitats naturais não podem ser simplesmente removidos para dar lugar a empreendimentos humanos. Para os animais que ali viviam, a floresta não era um “obstáculo ao progresso”, mas sua casa, seu território essencial para alimentação, reprodução e sobrevivência. A destruição deste habitat nega a eles o direito básico de existir sem interferência humana.

A invasão de ecossistemas e o desrespeito aos territórios animais podem ter consequências globais, como a Covid-19. “Não podemos esquecer que o vírus da Covid-19 foi transmitido por um morcego. Quanto mais esses animais saem das áreas de floresta e vão para áreas urbanas, do ponto de vista animal é a extinção e do ponto de vista humano aumenta o risco de transmissão de doenças”, explica a doutora em biologia vegetal Francisca Soares de Araújo, da Universidade Federal do Ceará (UFC).

É urgente repensar a localização de grandes infraestruturas como aeroportos, que devem, por obrigação ética, ser construídos longe de áreas florestais significativas, garantindo a segurança e a integridade dos animais.

Para além da perda da biodiversidade, a destruição da cobertura vegetal agrava os efeitos climáticos locais. A vegetação da Mata Atlântica tem papel fundamental na retenção de água das chuvas, ajudando a prevenir alagamentos. Sem essa barreira natural, o entorno do aeroporto fica mais vulnerável a inundações, aumento da temperatura e aos efeitos extremos do aquecimento global.

Embora a expansão urbana seja inevitável, obras de grande porte, como aeroportos, não deveriam ser instaladas em áreas de floresta. A prioridade dada ao lucro, em detrimento da proteção animal e ambiental, perpetua um modelo de desenvolvimento que ignora a vida que já existia ali.

É necessária uma mudança de pensamento que inclua o direito dos animais a um habitat seguro como condição fundamental para o planejamento urbano e a construção de grandes empreendimentos.

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