Na Amazônia, o desmatamento está avançando em áreas de conservação estaduais.
As imagens de satélite mostram o avanço do desmatamento no entorno e dentro da única Reserva Extrativista de Mato Grosso, a Guariba-Roosevelt. De 2018 até agora, a reserva perdeu 1.778 hectares de floresta.
Nas últimas duas semanas fiscais do Ibama embargaram quase 2,5 mil hectares desmatados em unidades de conservação estaduais, em uma área que engloba Mato Grosso e Amazonas.
Durante a operação os agentes encontraram diversas evidências de grilagem de terra e exploração ilegal de madeira.
“Parte dessas pessoas são grileiros, tem informações que eles até oferecem para vender parcelas dessas áreas. Que tem essa promessa de regularização… Isso não existe. Isso é um crime, é um estelionato, quadrilhas mesmo de criminosos fazem na região e muitas das vezes ilude, iludem a sociedade local que às vezes adquirem, sem buscar informações”, explica Gibson Almeida Costa Júnior, superintendente do Ibama/MT.
A fiscalização encontrou 10 pontos com atividades ilegais, como em um barracão, onde estavam toras de castanheira – a exploração desse tipo de madeira é ilegal.
“Foram encontrados alguns equipamentos que estavam sendo utilizados para degradação do meio ambiente, e muitos deles foram inutilizados. Desde maquinários, tratores, acampamentos, e o material que vinha sendo utilizado para cometer esses ilícitos ambientais”
A reserva é vizinha da Terra Indígena Kawahiva do Rio Pardo, onde vivem índios isolados. O Ibama também encontrou sinais de invasão na região.
“Os indígenas isolados Kawahiva são um dos povos mais vulneráveis do planeta. Eles dependem de 100% dessa Floresta para a sobreviver. Então, esse aumento que a gente está vendo recentemente, das invasões na região, é realmente alarmante”, diz Sarah Shenker, ativista da Survival International.
Depois da ação do Ibama, extrativistas denunciaram que a sede da associação foi alvo de um de incêndio criminoso. Cinquenta e quatro famílias, de duas comunidades vivem na região, da coleta de castanha, seringa e óleo de copaíba.
“A gente vem sofrendo pressão de madeireiros, de invasores, que fala que não tem reserx e que não tem uma demarcação. A gente quer a regularização fundiária do nosso território “, conta Laércio Alves dos Santos, da associação AMORARR.
A reserva extrativista foi criada em 1996 pelo estado, com 57 mil hectares, e ampliada em 2015. A partir de uma ação do Ministério Público estadual, a Justiça determinou a regularização da reserva em 2017. O processo ainda não terminou.
“É uma luta, há muitos interesses contrários à efetivação dessa reserva. Uma unidade de conservação precisa do plano de manejo, precisa ter sua área demarcada, sinalizada para evitar invasões. E, nós temos não só extrativistas, nós temos uma região que tem um valor ecológico muito importante. O estado precisa se fazer presente naquela região”, lembra Ana Luiza Peterline, promotora de Justiça.
A Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso declarou que 25% da reserva extrativista estão regularizadas; que a fiscalização é constante; e que nos primeiros quatro meses do ano lavrou 91 autos de infração e aplicou mais de R$ 44 milhões em multas ambientais.
Fonte: G1