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Desmatamento "empurra" animais para as cidades

9 de setembro de 2013
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Desmatamento obriga animais a procurem novos locais (Foto: Raul Spinassé | Ag. A TARDE)
Desmatamento obriga animais a procurem novos locais (Foto: Raul Spinassé | Ag. A TARDE)

A Bahia ocupa o segundo lugar no ranking nacional de desflorestamento da vegetação nativa, segundo dados recentes do Atlas da Mata Atlântica, divulgados pela Fundação SOS Mata Atlântica. A pesquisa foi feita em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

De acordo com o levantamento, que exclui do estudo os biomas mangue e restinga, o estado sofreu um aumento de 11,5% de devastação da mata atlântica entre 2011 e 2012, quando foram suprimidos 4.493 e 4.516 hectares de vegetação, respectivamente.

Além de provocar aumento na temperatura e afetar os mananciais hídricos (fontes de água, superficiais ou subterrâneas), especialistas creem que a supressão das áreas verdes na cidade tem levado espécies animais a buscarem abrigo e alimentos em locais habitados por humanos.

Apesar da falta de dados consolidados sobre “invasões” de animais silvestres a empreendimentos na capital baiana, tais ocorrências têm se tornado cada vez mais frequentes em Salvador e região metropolitana.

Ocorrências

A maioria dos casos de aparição de animais, sobretudo em residências, é atendida pela Companhia de Polícia de Proteção Ambiental (Coppa) e pelo Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras) do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama).

Na última terça-feira, o Cetras devolveu à natureza uma cobra sucuri de dois metros. A cobra apareceu na frente da casa de um morador do bairro de Narandiba no domingo passado.

No mesmo dia, a equipe de reportagem de A TARDE acompanhou o Cetras em uma operação de resgate de uma coruja em Periperi, no subúrbio ferroviário.

O animal, da espécie corujinha-do-mato (Megascops choliba), que havia entrado pela janela de um dos quartos da casa do cinegrafista André Jorge PR, 39, por volta das 18h do último dia 31 de agosto, permaneceu em uma gaiola por três dias até ser levada ao Cetras.

“Eu já estava ficando preocupado, porque ela (a coruja) não havia comido nada durante todo esse tempo”, disse o morador, que contou com a colaboração de um açougue vizinho no fornecimento de carne para alimentar o animal, sem sucesso.

Com a esposa grávida, André teve um motivo a mais para manter-se preocupado, com base na crença popular de que aparição de coruja é um sinal de morte na família. “Isso é mito”, descartou o coordenador do Cetras, o biólogo Josiano Torezani.

Equipe reduzida

Depois de entregar a coruja, André assinou um termo de entrada de animais, documento que comprova o resgate do bicho e o livra de responder pela Lei 9.605/98, que prevê crime contra a fauna a posse de animais silvestres sem a devida licença.

Segundo o coordenador do Cetras, a demora no resgate ocorreu por conta da equipe reduzida para atender Salvador e região metropolitana.

“Nossa função primordial não é fazer resgate, mas receber, cuidar e destinar os animais”, frisou o biólogo, ao citar a Lei Complementar 140/2011. A legislação divide as competências dos órgãos responsáveis pela proteção ao meio ambiente.

Fonte: A Tarde

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