O sauim-de-coleira (Saguinus bicolor), espécie com cerca de 30 mil indivíduos no estado do Amazonas, tem como principal ameaça à sua sobrevivência o desmatamento das florestas. O animal se distribui entre a capital Manaus e o município de Itacoatiara, em uma área de aproximadamente 7.500 km².
Em entrevista ao portal G1, Marcelo Gordo, coordenador do Projeto Sauim-de-Coleira, a espécie do primata depende de uma floresta bem conservada, que não necessariamente precisa ser primária, já que eles conseguem se manter saudáveis em locais arborizados.
Entretanto, além do desmatamento, outros fatores podem contribuir para a extinção do sauim-de-coleira, como acidentes com animais domésticos e fragmentação do ambiente. “Ou seja, vai ficar um pedaço de floresta aqui, outro lá longe, e isso acaba gerando também um transtorno que cria uma situação que coloca os animais em risco. Eles vão ter uma bota de floresta e de contato com os seres humanos, cachorros, choques elétricos, vão atravessar de um lugar para o outro e morrer atropelado”, explicou o biólogo, que também faz parte da Universidade Federal do Amazonas.
Ainda de acordo com Marcelo Gordo, como zerar o desmatamento na região é difícil, um melhor planejamento da política de manutenção da fauna deveria ser pensado. No ano de 2018, houve a criação de uma Unidade de Conservação no município de Manaus, através do decreto 4.094, com o objetivo de diminuir a fragmentação e aumentar a conservação dos habitats naturais da flora e da fauna silvestres.
O portal do G1 entrou em contato com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Manaus (Semmas), que “a Semmas vem trabalhando na recuperação de atrás degradadas e na sensibilização ambiental com a população inserida na unidade” e que desde sua criação, “não houve expansão desse território”.
O Projeto Sauim-de-Coleira faz parte da Universidade Federal do Amazonas e funciona há mais de 20 anos. Com o objetivo de monitorar e levantar informações úteis à conservação da espécie, o projeto vem se concentrando em acompanhar também as doenças que podem afetar os sauins-de-coleira.
“Estamos testando alguns tipos de passagem de fauna e temos um viveiro de mudas, que é para implementar áreas degradadas onde corre o Sauim. Visando recuperar florestas sempre que possível, com árvores que vão dar alimento ou abrigo para esses bichos. São essas as ações que executamos dentro do projeto. O foco principal é a pesquisa e o carro chefe das ações de organização e produção de plantio de mudas gradativas”, finalizou o biólogo.