Uma equipe de pesquisa paleontológica descobriu no litoral alentejano os primeiros vestígios conhecidos na Europa do comportamento social do Elefante Antigo, tendo encontrado trilhas de pegadas destes animais de grande porte extintos há mais de 30 mil anos.
A descoberta, feita por uma equipe científica do Geopark Naturtejo, coordenada pelo paleontólogo Carlos Neto Carvalho, resulta de um projeto de pesquisa das jazidas paleontológicas existentes ao longo do litoral do sudoeste alentejano e da costa vicentina, entre Porto Covo e Vila Nova de Milfontes.
Durante o estudo, a equipe de pesquisadores descobriu “um conjunto de pegadas de grandes e pequenos mamíferos, entre as quais as de um elefante que existiu na Europa, o Elephas antiguus”, explicou à Agência Lusa o especialista Carlos Neto de Carvalho. “É um elefante próximo do elefante asiático e que se extinguiu há pouco mais de 30 mil anos do continente europeu”, explicou.
Estas trilhas de pegadas permitem aos pesquisadores conhecer mais sobre a anatomia destes animais e perceber também o tipo de comportamento e de habitats que povoaram imediatamente antes de se extinguirem. “Já tinham sido descobertas várias ossadas, inclusivamente em jazidas portuguesas, e agora surge esta informação, que é complementar”, disse, sublinhando que este é o primeiro registo do comportamento social destes animais que se conhece na Europa.
Os vestígios, encontrados entre a região de Porto Covo, no concelho de Sines, e o norte de Vila Nova de Milfontes, no concelho de Odemira, estão distribuídos por um conjunto de locais, em arribas costeiras desta zona do litoral alentejano.
“É um aspecto bastante particular o de que, de todas a regiões em que estudamos as dunas fósseis existentes – desde Porto Covo até Armação de Pêra -, apenas neste local tivemos oportunidade de descobrir estas jazidas com pegadas de grandes herbívoros e mais uma vez de Elephas antiguus”, destacou ainda.
Tendo como prioridade a conservação e a interpretação do patrimônio geológico e tendo em conta este “patrimônio significativo do ponto de vista paleontológico”, Carlos Neto Carvalho considera que “faz todo o sentido”, não só estudar a relevância destes achados, mas também conservá-los.
“Para nós faz todo o sentido, não só estudar do ponto de vista científico a relevância destes achados, mas também conservá-los para a posterioridade e conservá-los para que todas as pessoas tenham acesso a esta informação”, disse.
Para isso, o especialista defende ser fundamental conseguir parceiros para cooperar e possibilitar “um processo de replicação, utilizando tecnologias recentes, que permitem conservar toda a informação científica num espaço que depois poderá ser um centro de interpretação ou um museu local”.
Fonte: SIC