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Desastre ambiental: A invasão das cobras

23 de fevereiro de 2012
2 min. de leitura
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A cada semana aparece uma ou mais cobras no Santuário de Grandes Primatas e Felinos de Sorocaba. A luz do perigo foi acesa em todos os recintos dos 300 animais lá hospedados, devido ao risco potencial que esta “invasão de cobras”, a maioria delas peçonhentas, pode causar.

No recinto dos bebês chimpanzés, neste caso no de Suzi, de 8 meses, já encontramos duas jararacas jovens. Em 16 anos de existência do Criadouro e do Santuário, isso nunca tinha acontecido. Dias atrás um dos tratadores estava cortando grama, perto de um dos nossos poços, e uma cascavel de grande porte passou entre suas pernas.

Em um dia pegamos quatro cobras num setor do Santuário, onde ficam as residências dos funcionários.

Tudo isto tem uma origem: o desmatamento acelerado que acontece na zona rural de Sorocaba, especialmente na área do Pólo Tecnológico, que a Prefeitura aprovou na beira da Rodovia Castelo Branco. À medida que as terras são vendidas para empreendimentos industriais, as máquinas começam a preparar as terraplenagens e todas as árvores e vegetação desaparecem pelo fogo criminoso, ou por moto-serras de todo tipo. Conseqüentemente, os animais fogem para as poucas zonas com matas virgens existentes e o Santuário é o destino de todos eles.

Atrás das cobras e roedores selvagens, vêm seus predadores, especialmente os gaviões, alguns de grande porte, que quando não conseguem suas presas, atacam o lixo orgânico do Santuário e dos Condomínios da região, a fim de alimentar-se.

Não é somente em Sorocaba que isto acontece. Na área de Jundiaí, na Serra do Japi, a ONG Associação Mata Ciliar denuncia o massacre de animais devido a construção desenfreada de condomínios e prédios, beirando a Serra, que é protegida teoricamente, porém não na prática. Nos últimos oito meses, a Mata Ciliar computou 20 macacos bugios mortos em fios de alta tensão em condomínios do distrito do Parque Eloy Chaves, às margens da Rodovia dos Bandeirantes.

A fuga desesperada dos animais de nossa mata, à medida que as construções invadem seus lares protegidos naturalmente, é um fenômeno que deve ser denunciado por todas as organizações de defesa do meio ambiente e pelos organismos oficiais que não fiscalizam adequadamente os empreendimentos que destroem os poucos pedaços de mata virgem que ainda existem em nossas comunidades.

Crescer economicamente a qualquer custo, passando por cima dos cadáveres de milhões de animais selvagens, é um preço muito alto que nossa sociedade um dia se arrependerá de tê-lo permitido e até incentivado.

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