O bairro Shahr-e Naw, em Cabul, no Afeganistão, está sendo tomado por grande grupo de pessoas desabrigadas que frequentemente fazem uso de drogas ilícitas a céu aberto. Apesar do Taliban ser contrário ao uso de entorpecentes, está ignorando a situação que além de vitimizar adultos, jovens e crianças, agora está tendo como alvo cães em situações de rua.
Uma série de imagens perturbadoras mostram cães sendo obrigados a inalar heroína. Entorpecidos e, muitas vezes viciados, os cães ficam na companhia das pessoas em situação de rua e são usados para aquecê-los nas noites de frio. Muitos dos abusadores de animais afirmam que viciam os cães propositalmente, pois é a única forma de fazê-los não se afastarem dos grupos.
Um dos moradores em situação de rua que prefere ser chamado apenas de Ahmad afirma que é viciado em heroína há muitos anos e para alimentar sua dependência recolhe garrafas pet para vender e pede esmolas. Ao lado dele há um cãozinho sem raça definida. Ele coloca uma garrafa de plástico apertada no focinho do animal e o obriga a inalar heroína.
Em poucos minutos, é possível ver que o animal fica com os olhos vidrados e a respiração ofegante. Um outro sem-teto conta que a maioria dos cães que acompanham pessoas em situação de rua sofrem com o vício em drogas e experimentam não só os efeitos colaterais, mas também as crises de abstinência. Eles se tornam completamente dependentes dos seus algozes.
Embora a heroína não seja uma droga relativamente barata, os moradores em situação de rua afirmam que compensa dá-la aos cães, pois os animais oferecem conforto físico e aquecimento. Cabul pode registrar até -4 a 13 graus Celsius durante a noite. Ativistas em defesa dos direitos oprimidos pelo Taliban temem o futuro dos animais que não conseguem ajudar.
Uma cadelinha jovem chamada carinhosamente de Nesha foi filmada apresentando sinais de abstinência. Ela foi vista batendo e esfregando a cabeça contra um muro e rolando de um lado para o outro em completo desespero. Nesha vivia com um grupo de sem-tetos sob a ponte Pul-e-Sokhta e frequentemente recebia drogas no lugar de comida. Ela apresentava sinais de danos cerebrais.
Felizmente, a cachorrinha foi resgatada por um veterinário que conseguiu convencer o “tutor” do animal a entregá-la. Ela precisou participar de um programa de reabilitação para cães viciados e precisou suprir temporariamente o desejo de consumir heroína com três doses diárias de analgésicos. Ela também tinha dificuldades para andar e ganhou uma cadeira de rodas.
O veterinário que tratou a cadelinha afirmam que “a heroína causou uma redução acentuada na concentração de oxigênio no sangue – uma condição chamada hipóxia que sabemos que pode causar dores musculares, danos cerebrais e falência de órgãos. A ideia de um cachorro se tornar viciado em uma droga como a heroína é extremamente perturbadora”, concluiu.
