Um novo estudo sugere que, se for grande o suficiente, o influxo de água doce da camada de gelo derretida poderia prejudicar o fluxo de um importante sistema da corrente oceânica.
Isto poderia provocar secas no Sahel africano, uma região estreita de terra que vai da Mauritânia até o Leste do Sudão.
Como resultado, podem ocorrer devastadoras perdas agrícolas causadas pelas mudanças climáticas na região. Nos cenários mais graves, dezenas de milhões de pessoas podem ser forçadas a migrar do local.
“As implicações, quando expressas em termos de vulnerabilidade da população na região, são realmente dramáticas e mostram exatamente como os meios de subsistência nesta região são sensíveis à mudança climática”, explicou Christopher Taylor, meteorologista do Centro de Ecologia e Hidrologia do Reino Unido e especialista no clima da África Ocidental, que não participou da nova pesquisa.
O estudo, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, utiliza um modelo de mudança climática para analisar a influência de diferentes quantidades de perda de gelo da Groenlândia, o que corresponde a distintas quantidades do aumento global do nível do mar no sistema climático do Sahel ocidental.
Segundo o Washington Post, estudos anteriores sugeriram que esta região pode ser particularmente vulnerável às mudanças climáticas geradas por interrupções no oceano.
A ideia é que grandes volumes de água gerados pelo derretimento da Groenlândia possuem o potencial de diminuir a velocidade de um grande sistema de correntes oceânicas conhecidas como Circulação do Retorno do Meridional do Atlântico, ou AMOC.
Os especialistas o descreveram como uma espécie de correia transportadora gigantesca, que carrega água aquecida do Equador para o Ártico e água gelada para o Sul. Este transporte influencia os processos atmosféricos e auxilia no regulamento do clima em toda a região do Atlântico.
À medida que as geleiras na Groenlândia derretem, os cientistas acreditam que o influxo de água fria e fresca poderia perturbar essa correia transportadora, fazendo com que ela diminuísse. A ruptura pode provocar mudanças nos padrões atmosféricos em todo o Atlântico e alterar padrões climáticos ao redor do mundo.