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Derretimento das geleiras do Alasca dobrou a partir de 2010, mostra pesquisa

O trabalho revelou que 100% das geleiras mapeadas em 2019 recuaram em relação à sua posição em 1770, e 108 desapareceram completamente

4 de julho de 2024
Redação Um Só Planeta
4 min. de leitura
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Foto: Diego Delso | Wikimedia Commons

O derretimento das geleiras do campo de gelo Juneau, que fica na fronteira entre o Alasca e a Colúmbia Britânica, se acelerou e pode atingir um ponto crítico irreversível antes do que se pensava. É o que revela uma pesquisa realizada por cientistas do Reino Unido, da Europa e dos Estados Unidos.

A equipe internacional analisou registros (inventários, fotografias, imagens de satélite e mapeamento geomorfológico) desde 1770 e identificou três períodos distintos do campo de gelo: 1770 a 1979, quando a perda de volume das geleiras permaneceu consistente, entre 0,65-1,01 km3 por ano; 1979 a 2010, quando essa perda aumentou para 3,08-3,72 km3 por ano, e 2010 a 2020, quando se deu uma aceleração acentuada e a taxa de perda de gelo dobrou, atingindo 5,91 km3 por ano.

Segundo o estudo, que foi publicado esta semana na revista científica Nature Communications, os índices de redução da área glacial em Jeneau foram cinco vezes mais rápidos entre 2015 e 2019, em comparação com 1948 e 1979. E, entre 1770 e 2020, foram equivalentes a pouco menos de um quarto do volume original de gelo.

A taxa aumentada de afinamento das geleiras também foi acompanhada por uma maior fragmentação (partes inferiores se separam das partes superiores) dessas formações. Além disso, 100% das geleiras mapeadas em 2019 recuaram em relação à sua posição em 1770, e 108 desapareceram completamente.

“É extremamente preocupante que nossa pesquisa tenha encontrado uma rápida aceleração desde o início do século XXI na taxa de perda de geleiras no campo de gelo de Juneau”, disse o líder do trabalho, Bethan Davies, professor sênior da Universidade de Newcastle, do Reino Unido, em comunicado de imprensa.

Ela acrescentou que os campos de gelo do Alasca, que são predominantemente planos, são mais vulneráveis ao derretimento acelerado em decorrência do aquecimento do planeta. A explicação é que a perda de gelo acontece em toda a superfície, o que significa que uma área muito maior é afetada. Outro ponto é esses campos mais planos não podem recuar para elevações mais altas e encontrar um novo equilíbrio.

“À medida que o afinamento das geleiras no planalto de Juneau continua e o gelo recua para níveis mais baixos e ar mais quente, os processos de feedback que isso desencadeia provavelmente impedirão o futuro recrescimento das geleiras, potencialmente a empurrando além de um ponto de inflexão para uma recessão irreversível”, enfatizou o professor.

O Alasca contém alguns dos maiores campos de gelo de planalto do mundo e seu derretimento é um grande contribuinte para o aumento atual do nível do mar. Os pesquisadores acham que os processos que observaram em Juneau provavelmente afetarão pontos semelhantes em mais áreas do Alasca e do Canadá, bem como na Groenlândia, Noruega e outros locais do alto Ártico.

Eles também apontam que as projeções publicadas atualmente para o campo de gelo de Juneau, que sugerem que a perda de volume de gelo será linear até 2040, acelerando somente após 2070, podem precisar ser atualizadas.

“Este trabalho mostrou que diferentes processos podem acelerar o derretimento, o que significa que as projeções atuais sobre as geleiras podem ser muito pequenas e subestimar o derretimento das geleiras no futuro”, completou Davies.

Fonte: Um Só Planeta

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