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Deputado pede proibição da morte de chinchilas para a venda de peles no RS

15 de agosto de 2014
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Foto: Reprodução da Internet
Foto: Reprodução da Internet

Segundo o site Olhar Animal, a Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa recebeu nesta terça-feira (12) o projeto de lei 156/2014, do deputado estadual Daniel Bordignon (PT), que proíbe a morte de chinchilas para produção e comercialização de pele no Rio Grande do Sul.
O deputado afirma que “este é um debate que vai além dos interesses comerciais. É preciso estabelecer novas normas de convivência entre humanos e animais. Não podemos mais aceitar o sacrifício de animais apenas para alimentar a vaidade humana, para confecção de casacos de luxo”, resume Bordignon.
Bordignon, que é o coordenador da Frente Parlamentar em Defesa do Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, faz um alerta sobre o sofrimento e as privações a que são submetidos os animais pelos métodos de criação e abate dos animais. “A pele é comercializada no mercado internacional com valor entre US$ 70 a US$ 120 por unidade. No mercado de luxo, um casaco pode ser comercializado com valores entre US$ 40 mil a US$ 70 mil, dependendo da grife.
200 animais mortos por casaco
Para produção de um casaco são necessários cerca de 200 animais. “Esse é o preço dessa espécie de tortura a que são submetidos esses animaizinhos. É inadmissível que uma indústria que lucra tanto não desenvolva tecnologia que evite o uso de peles de animais”, resume Bordignon.
Em sua justificativa, ele argumenta que é necessário “repensar a relação com os animais. É preciso estabelecer novas normas de convivência entre as sociedades e os animais, baseadas em princípios que superem a visão meramente utilitarista. Nessa nova relação as pessoas passam também a assumir responsabilidades. Ganha força a ideia de poupar os animais de sofrimentos evitáveis. De que as criações domésticas e comerciais devem seguir regras, onde os animais tenham o direito de serem criados de acordo com comportamento da espécie e que não sofram certas privações, que poderiam ser evitadas”.
A sessão da CCJ foi acompanhada por protetores dos animais e grupos como a Vanguarda Abolicionista, que já se mobilizam pela aprovação do projeto.
A “tecnologia da dor”
Foto: Reprodução da Internet
Foto: Reprodução da Internet

A Chinchila é um mamífero roedor originário da região da cordilheira dos Andes, no noroeste da América do Sul. Por ter uma pelagem com características especiais como beleza, maciez (é 30 vezes mais suave que o cabelo humano) e isolamento que permite maior conforto térmico, tem sido criada visando utilização para confecção de roupas, especialmente de casacos de peles.
Os animais usados para fazer casacos de pele podem ser criados em cativeiro (como chinchilas, coelhos e martas) ou ser caçados em seu habitat (como focas, ursos e lontras). A morte acontece quando o bicho atinge a maturidade e ocorre sempre no inverno, quando o pelo é mais longo, brilhante e abundante.
Há vários modos de abater o animal. Eles podem ser mortos a pauladas, ser estrangulados, ou pelo destroncamento de uma das vértebras cervicais, ou, entre outras técnicas para resguardar a pele, ser eletrocutados com a introdução no ânus de ferramentas que fritam os órgãos internos.
Depois que o animal é morto, há várias formas de escalpelá-lo, algumas consideradas “profissionais” e outras rudimentares e violentas:
Profissional – Nas fazendas de criação de chinchilas, faz-se um pequeno corte no lábio inferior do animal e outro próximo ao órgão genital. Em seguida, é introduzida uma vareta de ferro de um ponto a outro. Ela funciona como um suporte-guia para o corte. Com um bisturi, se desprega a pele do animal, evitando danificá-la. Quanto mais intacto o couro, maior o seu valor de mercado
Amador – Nos modos mais cruéis, como em lugares da China, o animal é morto a pauladas e suas patas são decepadas. O bicho então é dependurado pelo coto da pata, e seu couro é extraído a partir desse ponto com a ajuda de uma faca. A pele é puxada com força, como se fosse tirada ao avesso. Em muitos casos, o animal ainda está vivo durante esse processo.
Uma vez retirada, a pele é presa com alfinetes ou pregos numa tábua, onde ficará por alguns dias no processo de secagem. Nessa etapa, ela ganha forma definitiva e não vai mais encolher nem sofrer deformações.
O passo seguinte é o curtimento da pele. Num curtume, ela passa por banhos químicos para retirada de sujeiras, cheiro e gordura, evitando que apodreça mais tarde. Ela também pode ser tingida.
chinchila 2
Após o curtimento, as peles vão para as confecções, onde são costuradas umas nas outras até tomarem a forma de um casaco. No acabamento, é aplicado um forro, em geral de cetim, na parte interna.
Ativistas se mobilizam para acompanhar projeto de lei
Na manhã desta terça-feira, dia 12 de agosto, ativistas da Vanguarda Abolicionista, independentes, protetores e outros estiveram na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul para acompanhar a reunião da Comissão de Constituição e Justiça. Em quarto lugar na ordem para distribuição estava o projeto de lei 156/2013, de Daniel Bordignon, que proíbe “o abate de chinchilas para produção e comercialização de pele”. Cartazes e panfletos mostravam a posição dos defensores dos direitos animais, mas apenas três deputados compareceram, e a sessão foi dissolvida em poucos minutos por falta de quórum.
Brasil
mercado consumidor de peles animais tem crescido nos últimos anos. Estima-se que o comércio global de pele de chinchila atinja mais de US$ 10 milhões por ano. Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro são os principais estados produtores no país. O Projeto de Lei nº 5956/2009, formulado pelo Deputado Ricardo Tripoli, visa a proibição da matança de chinchilas (Chincilla lanigera) para a indústria de extração de peles em todo território nacional.
Segundo pesquisa do Move Institute, no Brasil, as marcas Zara, Carmin, M. Officer, Lilly Sarti, Daslu, Pedro Lourenço, Reinaldo Lourenço, Huis Clos, Fause Haten, Carlos Miele, Animale, Victor Dzenk, Jefferson Kulig, Guaraná Brasil, Cris Barros, Carina Duek, Mixed, Brooksfield Donna e Confraria Studio apoiam o sofrimento de animais em nome da moda, não somente de chinchilas, como também de outras espécies.
Assine a petição para que o PL 5956/2009 avance e acabe com a matança de chinchilas em todo o território nacional.
Assine a petição contra a importação e exportação de peles no Brasil.

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