A demonstração da falta de ética por parte dos parlamentares do Congresso Nacional que querem aprovar o projeto lei 5544/2020, legalizando a caça esportiva no Brasil, alcançou um novo patamar.
Alegando ser um projeto benéfico para a criação de um fundo de prevenção à extinção de animais silvestres, o relator da pauta, o deputado Nelson Barbudo (PSL-MT), defende o auxílio da prática no controle populacional de determinadas espécies.
Sem nenhum fundamento técnico comprovado, os representantes da bancada ruralista na Câmara procuram meios de aprovar a medida de interesse de uma minoria, em contraponto com 93% dos brasileiros que são contra a liberação da caça no país.
As caçadas são uma expressão da objetificação e banalização da vida não humana, já que vincula o esporte, hobby e entretenimento a uma prática baseada no assassinato de animais indefesos diante de uma arma de fogo. O autor do PL, Nilson Stainsack (PP-SC), classifica a prática como “saudável” e expressa o forte objetivo de fortalecer a caça como um negócio.
Barbudo sugere na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS), que caso o PL 5544 passe no parlamento, que seja anexada a permissão da criação de animais para a finalidade de caça. Essa informação pode ser confirmada no terceiro artigo do substutivo. Ou seja, Barbudo não apenas apoia o PL da caça esportiva como quer torná-lo ainda mais prejudicial aos animais.
Além de tudo, na medida é citado o javali como exemplo de alvo de caça, porém o projeto abre procedente para que mais de 180 animais possam ser listados como legítimos para a prática, inclusive espécies em perigo de extinção, gerando preocupação e insegurança jurídica quanto a preservação de animais silvestres.
A pauta também defende a exploração de cães, de qualquer raça, na caça, tanto para rastreamento quanto para agrupamento e agarre de animais, o que significa colocá-los em risco, expondo-os a situações de maus-tratos e crueldade.
O PL 5544/2020 foi retirado da pauta da CMADS essa semana por conta da repercussão negativa que a proposta teve diante da mídia e da população. Porém, a discussão da medida segue em agenda e será retomada pelo Congresso em 2022.