“A brutalidade não é um ato natural e não pode ser praticada contra seres indefesos. Não podemos compactuar com práticas existentes em nossa sociedade que resultem em violência. A população precisa se conscientizar, para reagir e denunciar eventuais abusos e a violência. Por isso é fundamental o papel das entidades protetoras, que trouxeram para nós o relato sobre o sofrimento dos animais, sua jornada extenuante, solidão, alimentação e assistência veterinária adequada”.
Este foi um dos trechos da fala da deputada Ana Paula Lima, líder da Bancada do PT, no 6º Seminário Catarinense de Controle de Zoonoses, Educação Humanitária e Defesa dos Direitos Animais, realizado na Assembleia Legislativa. O seminário foi realizado numa parceria do mandato da deputada Ana Paula, Assembleia Legislativa e Instituto Ambiental Ecosul. Reuniu representantes de entidades protetoras, autoridades e pessoas que realizam trabalho voluntário em defesa dos animais contra maus-tratos.
A intenção dos organizadores do evento foi a divulgação de informações sobre a causa animal, apresentar programas e estimular iniciativas compartilhadas entre Poder Público, Organizações Não Governamentais, iniciativa privada, médicos veterinários e Ministério Público. Todas essas ações, com os seguintes objetivos: proteção da fauna, a guarda responsável, a prevenção aos maus-tratos aos animais e violência em geral; o controle humanitário de zoonoses e da procriação indesejada de animais domésticos em Santa Catarina.
A denúncia da violência
Além da deputada Ana Paula, que fez um histórico sobre a luta de ativistas, organizadores e legisladores no Brasil e no mundo para garantir os direitos aos animais, todos os palestrantes de sábado enfatizaram a importância de condenar as práticas violentas, que geralmente tem outras conexões com outras manifestações de violência – contra idosos, mulheres e crianças, por exemplo. As palavras da deputada também foram reforçadas pela vereadora Evelin Huscher, do PT de Blumenau, que fez parte da abertura do evento. Eleita para o primeiro mandato, a vereadora tem uma trajetória de enfrentamento à violência e é apoiadora de projetos em tramitação na Assembleia Legislativa, apresentados por Ana Paula, como o que proíbe o aluguel de cães por empresas de vigilância (aprovado recentemente por unanimidade na Comissão de Constituição e Justiça) e o que estabelece o fim das chamadas “puxadas de cavalos”, em municípios catarinenses.
Reflexões sobre as diversas conexões de violência foram levantadas pela psicóloga Maria José Padilha, mestra em Educação pela Geórgia State University e coordenadora da AADAMA (Associação. Amigos e Defensores dos Animais), em Recife. No seminário, ela lançou o livro “Crueldade com animais X Violência doméstica contra mulheres”. Também o presidente do Instituto Ambiental Ecosul, Halem Guerra Nery, pontuou na palestra “A Conexão Violência Humanos/Animais e a Educação Humanitária”. Alertou que onde ocorre violência contra animais, há um forte indício de algum tipo de violência contra pessoas. A defesa dos direitos animais, do ponto de vista da legislação, também foi destacada pelo promotor de Justiça, Júlio Fumo Fernandes, que é membro do GEDDA (Grupo Especial de Defesa dos Direitos Animais do Ministério Público de Santa Catarina).
Ainda na programação: “O manejo populacional de cães e gatos- do bem-estar animal à saúde pública “, apresentado por Adriana Maria Vieira, médica veterinária do Instituto Pasteur e da Vigilância Epidemiológica da Prefeitura de São Paulo. Também falou ao participantes do seminário, o médico veterinário Michael Russi – especialista em dinâmica e manejo populacional de cães e gatos e consultor veterinário do Ecosul. Especialistas em campanha de contenção populacional de cães e gatos, médicos veterinários Maísa Secco e Felipe Goulart falaram sobre o tema. Entre os palestrantes, também esteve presente Eduardo Cavalazzi, diretor do Bem-estar Animal de Florianópolis.
Fonte: ADJORI