A depressão é um mal que não afeta somente os humanos. Os animais, principalmente cães e gatos, também podem sofrer com esta doença. Assim como em humanos, fatores dos mais variados levam um animal domesticado a entrar em depressão. “Experiências traumáticas, perdas por morte ou abandono, introdução de um novo indivíduo sendo da mesma espécie ou não, mudança de ambiente ou mesmo de rotina subitamente, solidão, fome, frio, sede, dentre outras, são fatores que levam os animais a entrar em estado de depressão. Cada animal responde, diferentemente, de maneira individual ao fator exposto, independentemente da espécie, raça ou sexo”, explica o médico-veterinário Luiz Fernando de Carvalho Bovolato.
Ainda de acordo com Luiz Fernando, “a diferença entre felinos e caninos é que os felinos, naturalmente, precisam menos dos tutores por serem animais independentes, mas apresentam depressão e sinais clínicos semelhantes aos do cão”.
Os cães estão entre as espécies com maior propensão a desenvolver a depressão, em especial aqueles que por algum tempo viveram em casas grandes, fazendas ou sítios, mas depois se mudaram para locais menores, como apartamentos. Mas se engana quem pensa que os gatos não estão sujeitos a desenvolver a depressão. No caso dos gatos, mudanças na rotina do animal, ausência de alguém a quem o gato seja muito apegado ou perda de um companheiro são algumas das causas do estresse e consequente depressão nos gatos.
Quando a manha vira coisa séria
Não é nada fácil perceber os sinais da depressão nos animais domésticos, já que geralmente se mostram variáveis e individuais. Luiz Fernando explica que os sinais de depressão vão “desde uma pequena mudança comportamental, como defecar ou urinar em locais diferentes do usual, destruição de objetos, escavações, isolamento social, intolerância ao toque físico, lambedura de patas, como reações mais graves de agressividade, anorexia, apatia, vômitos, diarreia, podendo levar o animal em questão a uma afecção mais severa decorrente de complicações dos sinais anteriores”.
Ao detectar alguma dessas alterações, o tutor deve imediatamente procurar identificar a causa. Geralmente uma mudança no comportamento da família é percebida pelo animal. A chegada de um bebê na família, por exemplo, faz com que o animal deixe de ser o centro das atenções. Outras vezes o animal, quando filhote, se acostuma com um tipo de atenção e depois que cresce fica abandonado no quintal.
É importante perceber e identificar o que pode ter mudado na dinâmica da família que pode ter atingido direta ou indiretamente o animal.
“Assim que diagnosticado como depressão, deve-se corrigir os fatores predisponentes que levaram ao quadro depressivo – agressão, lugares pequenos, sem ventilação, escuros e úmidos, muito sozinhos, com alimentação e água não disponíveis, ausência do dono. Ao pensar em adquirir um animal, independentemente da espécie, precisa-se ter em mente que tempo disponível será necessário para que uma relação de convivência seja estabelecida com carinho e atenção”, afirma Luiz Fernando.
Tratando e prevenindo
A melhor maneira é sempre prevenir que a depressão ocorra. O dono deve evitar deixar o seu animal sozinho por muito tempo. Caso vá fazer uma viagem longa, se possível, deixar o animal com alguém que ele conheça e com o qual esteja habituado.
Ao escolher um animal de estimação, o tutor deve avaliar se trabalhará o dia todo fora e o seu animal ficará sozinho. Um gato se adapta melhor a essas condições que um cão.
Por questão de bom-senso, deve-se evitar deixar o cão preso em espaços pequenos.
O tutor também deve reservar um período do dia para acariciar e brincar com o seu animal. Os animais, assim como os seres humanos, necessitam do carinho e contato daqueles que eles mais amam: os guardiões.
E, por fim, deve-se realizar passeios com os animais, pois isso é ótimo para distraí-los e exercitá-los, dando aquela sensação de bem-estar.
“A supervisão de um médico-veterinário é essencial para diagnóstico e tratamento de distúrbios dessa natureza. Florais de Bach, homeopatia têm demonstrado uma resposta significativa para o tratamento de depressão animal, porém há casos em que medicamentos alopáticos são necessários, como fluoxetina e buspirona”, finaliza Bovolato.
* Luiz Fernando de Carvalho Bovolato é médico-veterinário (CRMV-PR 8589) formado na Universidade Estadual de Londrina. Fez estágio não curricular na Tiho Hannover – Alemanha na área de clínica médica e cirúrgica de animais de companhia e animais exóticos. Desenvolve carrinhos ortopédicos para animais com dificuldade locomotora. Atua no atendimento clínico e cirúrgico de animais de companhia e exóticos.
Fonte: ID Med