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INSPIRAÇÃO

Depois de ser rejeitada duas vezes e diagnosticada com doença terminal, cachorrinha é adotada e mostra que ainda há muitas razões para viver

7 de junho de 2025
Mariana Melo
6 min. de leitura
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Foto: Animal Rescue Algarve

Lupita tem uma história marcada por negligência, que ela parece ignorar completamente. A cachorrinha preta e branca de nove anos, mestiça de Podengo, foi resgatada pela Animal Rescue Algarve, em Portugal, depois de ser encontrada presa em uma jaula, com duas hérnias visíveis. Foi adotada pelo que parecia ser uma nova chance de ser feliz, mas foi abandonada mais uma vez. Agora, vive seus últimos dias sem rancor, mostrando apenas amor.

Lupita chegou ao abrigo no dia 20 de março, depois de ser encontrada perto da vila de Monchique, em Faro, por uma voluntária que viajava pelo Algarve. Ela estava trancada em uma jaula dentro da propriedade do dono, que, após uma rápida conversa, concordou em entregá-la, conta Marlene Dias à PiT.

A integrante da associação explica que as hérnias da cachorra eram impossíveis de ignorar devido ao tamanho, mas ela esperava que esse fosse o único problema de saúde da cadela. Infelizmente, os exames veterinários revelaram uma realidade mais dura.

Lupita foi diagnosticada com dirofilariose — uma doença causada por parasitas no coração e na corrente sanguínea. Além disso, as hérnias, que precisavam de cirurgia, “estavam encarceradas na cavidade abdominal”, o que significava que não era mais possível recolocá-las no lugar.

Foto: Animal Rescue Algarve

A veterinária que a atendeu alertou a equipe sobre os riscos da cirurgia devido aos parasitas, que “dificultam a capacidade do corpo de lidar com a anestesia e se recuperar”. Mesmo assim, a cachorra foi operada, pois “as hérnias estavam comprometendo muito sua qualidade de vida”.

Durante a cirurgia, os médicos descobriram “vários tumores”. “Deixaram claro que Lupita estava em fase terminal e precisaria de cuidados paliativos”, diz a responsável de 28 anos. “Ela veio para o abrigo para receber todo o conforto no tempo que lhe resta, e assim foi feito.”

Nas semanas que passou no abrigo, Lupita se mostrou ativa e alegre. “Ela se adaptou muito bem, brincava no parque com outros cachorros, adorava passear e era uma das favoritas dos voluntários”, conta Marlene. Começou a tomar analgésicos para se manter estável, e o abrigo decidiu adiar o tratamento para a dirofilariose, já que ele “é muito agressivo e poderia piorar seu estado”.

Chegou a ser adotada

No início de maio, cerca de um mês e meio após ser acolhida pelo Animal Rescue Algarve, a associação foi contatada por uma família. “Eles disseram que sempre tiveram animais e estavam procurando um novo companheiro. Não se importavam que fosse idoso, mas queriam que pudesse acompanhá-los em viagens de motorhome”, relata a responsável.

Marlene não havia considerado Lupita para essa família, mas, na primeira visita, eles “adoraram ela”. A situação da cadela foi explicada com clareza — “ela poderia viver mais alguns meses ou apenas semanas”. Os futuros tutores não pareceram se importar, e em 12 de maio a adoção foi finalizada.

Lupita foi entregue com a condição padrão da associação: nos primeiros três meses, o animal permanece sob tutela legal do abrigo. Nos primeiros dias, as notícias sobre sua saúde foram positivas. “Disseram que ela estava comendo, brincando. Nunca mencionaram que algo poderia estar errado.”

Duas semanas depois da adoção, Marlene recebeu um chamado de uma clínica veterinária pedindo autorização para eutanasiar Lupita. “Expliquei que não podia autorizar algo assim por telefone e fui lá ver o que estava acontecendo”, conta.

Na clínica, Lupita estava sedada. A veterinária disse que a cadela “estava em fase terminal”, e a tutora alegou que “ela estava com diarreia, não comia e estava sofrendo”. Marlene chamou a cachorra, que, mesmo grogue, procurou por ela — ela então declarou que Lupita não seria sacrificada e levou-a de volta ao abrigo.

Mostrou que ainda quer viver

De volta à associação, Lupita não passou uma única noite no canil. A primeira foi na casa do gerente, que relatou que a cadela “não mostrou nenhum sinal de sofrimento”. Ela comeu, brincou com outros cachorros e, segundo Marlene, “não teve diarreia”. No dia seguinte, foi acolhida por Monique, uma FAT (Família de Acolhimento Temporário), onde aproveitará o tempo que lhe resta na companhia de dois filhotes pelos quais se apegou.


Marlene admite que Lupita pode sentir algumas dores e precisa de medicação, mas afirma que a cachorra “corre, brinca, vai à praia e molha as patinhas no mar”. “Um diagnóstico, por si só, não significa que devemos tirar a vida de um animal. Quando ela nos mostrar que está sofrendo, aí sim, a deixaremos descansar.”

Fonte: Pets in Town

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