A nova descoberta mostra como os climas de áreas extremamente remotas estão relacionados.
O esforço para fechar o buraco na camada de ozônio acima da Antártica a cada primavera considerado uma das maiores conquistas da política ambiental internacional. No final da década de 1980, a comunidade internacional comprometeu-se a reduzir drasticamente o uso de substâncias que esgotam a camada de ozônio.
Isso resultou na recuperação constante da camada acima da Antártica e, em 2014, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) anunciou que, se isso continuasse, a recuperação seria completa até 2050.
No entanto, uma equipe internacional de pesquisadores liderada pelo Centro Oeschger para Pesquisa sobre Mudanças Climáticas da Universidade de Berna concluiu que a depleção da camada de ozônio teve consequências previamente desconhecidas sobre o clima, informou o Phys.
Os pesquisadores descobriram que até mesmo as chuvas nas regiões tropicais do Pacífico são afetadas pelo buraco de ozônio.
“O fato de ocorrerem relações no sistema climático entre lugares tão distantes é fascinante. Porém, é perturbador que as pessoas sejam responsáveis por isso”, declarou o climatologista Bernese Stefan Brönnimann, que conduziu o estudo que acaba de ser publicado na revista Environmental Research Letters.
Simulações com uma variedade de modelos climáticos diferentes e análises estatísticas de dados analisados nos últimos 60 anos mostram que o buraco na camada de ozônio geram um cume ao Leste da Nova Zelândia. A partir desse ponto, um padrão de circulação ondulada se estende sobre o Pacífico Sul e causa um aumento da precipitação no coração da Zona de Convergência do Pacífico Sul.
Por exemplo, a precipitação entre outubro e dezembro em Rikitea, na Polinésia Francesa, aumentou 50% entre os anos 1960 e 1990. Uma grande parte desse aumento ocorreu devido ao buraco na camada de ozônio. Essa tendência se inverterá durante a recuperação do buraco do ozônio que ocorrerá nas próximas décadas: as precipitações na região irão diminuir novamente.
“A depleção significativa de ozônio era conhecida por alterar os ventos sobre o Oceano Austral, mas o efeito até os Trópicos não foi demonstrado anteriormente”, explica Stefan Brönnimann.