As duas cadelas da raça Beagle que estavam no Instituto Royal e que, após serem encontradas abandonadas, ficaram sob guarda do deputado federal Ricardo Trípoli (PSDB) deverão ser devolvidas à polícia, segundo o delegado de São Roque (SP) responsável por investigar o caso, Marcelo Pontes. “Os animais fazem parte da investigação do inquérito de maus-tratos do instituto e, por isso, precisam ser devolvidos para passar por exames veterinários”, explica.
Ainda segundo o delegado, o especialista que irá avaliar a saúde dos animais será um veterinário de São Roque, mas que não tem nenhum tipo de vínculo com o instituto. Em caso de diagnóstico de doenças nos animais, Pontes frisa que só será considerado maus-tratos situações que fogem do que a lei permite. “Alguns procedimentos realizados no laboratório acabavam induzindo reações nos cães, o que é permitido pela lei. Dessa forma, não poderemos caracterizar como negligência”.
Os cães que estão com o deputado federal fazem parte dos 178 beagles que foram levados na madrugada de sexta-feira (18) pelo grupo de ativistas que invadiu a sede do Instituto Royal. Após a divulgação por parte da polícia que afirmou que os invasores do laboratório irão responder pelo crime de furto, as duas fêmeas foram encontradas por moradores de São Roque, na tarde de sábado (19), abandonadas na rua. O deputado esteve na cidade no mesmo dia e assinou um termo para ser fiel depositário dos animais.
Em contato com o G1, na manhã desta quarta-feira (23), o deputado federal Ricardo Trípoli informou que, por ter sido designado “fiel depositário”, os animais só poderão ser tirados deles com ordem judicial e não por determinação policial.
O deputado informou ainda que as duas fêmeas da raça Beagle já passaram por avaliação veterinária a pedido dele. “São cadelas de 6 e 8 anos. Em uma foi constatado câncer de mama e a outra passa bem”, contou.
Ele se dispõe a encaminhar o laudo veterinário para a polícia a fim de que as informações façam parte do inquérito que investiga possíveis maus-tratos aos animais do Instituto Royal e também a invasão e furto dos animais do centro de pesquisas na semana passada.
Por causa do abandono, o delegado Marcelo Pontes quer evitar que a situação se repita, colocando, assim, em risco a vida dos animais. “Esses cães foram criados em laboratório e não sabem viver na rua. Se as pessoas soltarem eles por aí, há grande chance de serem atropelados. Então, quem não quiser mais ficar com animal e tem medo de vir diretamente na delegacia, que amarre o cão em algum lugar e faça uma denúncia anônima, informando a localização”, destaca. Porém, ainda segundo o delegado, caso as pessoas devolvam voluntariamente os cães furtados a Justiça poderá ver com bons olhos e a pena poderá ser amenizada. “Mas a decisão cabe somente ao juiz”, finaliza Pontes.
Entenda o caso
Ativistas invadiram o Instituto Royal na madrugada de sexta-feira (18) e retiraram do prédio 178 beagles e sete coelhos que eram usados como cobaias. Os manifestantes alegam que os animais eram submetidos a maus-tratos, apesar da empresa negar as acusações.
Um protesto contra o instituto foi marcado pelas redes sociais na manhã de sábado (19). Cerca de 700 pessoas participaram e se reuniram no km 76 da rodovia Raposo Tavares, na entrada que dá acesso ao laboratório. Um grupo de mascarados entrou em confronto com a Polícia Militar, que usou balas de borracha para dispersar a multidão. Carros da PM e da imprensa foram incendiados.
Fonte: G1