Por Lobo Pasolini (da Redação)
De todos os animais vitimados por caricaturas especistas, talvez a maior vítima seja o porco. O porco é uma figura constante na cultura popular por causa das associações metafóricas que ao decorrer da história humana foram impostas a ele. Ao porco foi dada fama de sujo e guloso (ou ganancioso), ambas caraterísticas que resultam do seu aprisonamento por humanos, ou seja, artificiais, já que os porcos são naturalmente limpos e na natureza provavelmente não comem mais do que o necessário (ao contrário dos humanos). Quanto ao desejo exagerado por dinheiro…
Tem gente que acha porco engraçado, um elemento de cena bom para chacota. No último domingo (03/05) o Pânico na TV da Rede TV, um programa que recentemente se transformou em um espetáculo grotesco de especismo e misantropia, usou um porco no auditório de onde o programa é apresentado. O animal gritava em desespero e ainda teve o desprazer de ser beijado a força por uma das apresentadoras do programa, Sabrina Sato.
Dois dias depois em Brasília dois porcos foram usados no trote dos calouros de Agronomia na UnB. Agora os animais estão internados em um Hospital de Animais de Grande Porte e correm o risco de serem mortos. Para retirá-los, uma multa de R$ 212 tem que ser paga, mais o valor da diária de R$ 30 por dia. O ‘dono’ dos animais não quer pagar a multa, então o destino dos porcos é incerto. Uma doutoranda ofereceu um lar para os animais em sua fazenda, mas acha a multa pesada. O diretor de Vigilância Sanitária da Secretaria de Agricultura diz que, se for por uma causa humanitária, o órgão pode até descontar o pagamento das diárias dos porcos no Hospital de Animais, mas a multa de R$ 212 é inegociável.
Sugeriu-se que os alunos envolvidos no trote pagassem coletivamente as despesas e isso me parece o certo. A UnB deveria também contribuir por permitir que trotes ainda aconteçam no campus e por ter permitido a entrada de animais em tais condições. Não existe vistoria nessa instituição educativa?
O único fim decente para essa história é que a pessoa que ofereceu alojar os dois porcos possa fazê-lo sem despesas, já que ela parece realmente intencionada a proporcionar um final feliz para as vítimas dessa barbaridade. Usar animais e o sofrimento alheio para se divertir é cruel, além de demonstrar uma enorme falta de imaginação.