A discussão em torno da defesa dos animais, proposta pelo vereador Laércio Trevisan Júnior (PR), autor de seis leis, levou cerca de 100 pessoas ao Salão Nobre do Legislativo, ontem à noite, e marcou o Dia de Proteção aos Animais. Cada representante de ONG e a responsável pelo Centro de Controle de Zoonose (CCZ), Eliane de Carvalho Silva, teve 10 minutos para apresentar seus trabalhos.
A necessidade de criação de uma política pública em defesa dos animais foi um dos pontos discutidos. Eliane de Carvalho disse que achou o momento muito oportuno “porque Piracicaba vive, há meses, a evidência com relação aos animais e o foco das ONGs e Sociedade Protetora dos Animais é zelar pelo bem-estar deles”.
Eliane falou ainda de uma deficiência que está afetando o CCZ. O médico veterinário Paulo Lara deu os detalhes. Míriam Miranda, presidente da ONG Vira Lata Vira Vida, comemorou a abertura que a Câmara deu para que o assunto fosse levado a público.
“Isso traz à tona a questão dos maus-tratos e também da importância da punição”, destacou. “É importante sabermos como fazer denúncia, para onde levar os animais que são resgatados, de onde virá o recurso para a recuperação desse animal, porque vivemos de doações e é difícil assumirmos essa bandeira sozinhos”, acrescentou.
Míriam mostrou a foto de um cão atacado pela cinomose – ele não mantinha a parte de trás em pé – e que agora está andando normalmente. “Ele é o exemplo de que cinomose não é caso de sacrifício”.
Exemplos
O momento mais marcante do encontro de ontem, e que causou comoção no público, foi quando o deputado estadual Feliciano Nahimy Filho (PV), fundador da UPA (União Protetora dos Animais) de Campinas, mostrou imagens de maus-tratos. Cães atropelados, amarrados ao relento, cavalos com patas quebradas, gatos com fraturas expostas e até um cão que quase foi sacrificado em ritual de magia negra.
O deputado disse que, em todos os casos que mostrou, os animais foram tratados e acompanhados por veterinários sem necessidade de sacrifício.
Não há vaga, avisam veterinários
A superlotação no Canil Municipal de Piracicaba fez com que os médicos veterinários não saíssem às ruas ontem para recolher cães ou gatos que necessitem de abrigo. A situação resultou num comunicado dos médicos à imprensa, explicando que não foi possível atender solicitações para recolhimento de cadelas paridas, ninhadas, animais atropelados e outros.
Segundo o veterinário Paulo Lara, ontem a unidade abrigava 46 animais, dos quais 22 eram filhotes, 10 cães adultos de médio porte, cinco de grande porte, oito filhotes de gatos e dois gatos adultos. “Se eu tiver cinco rottweiler num único canil, eles ocupam o espaço de 15 animais. Então, estamos dando prioridade para casos extremos”, afirmou.
Mesmo não tendo como recolher, o médico disse que, na medida do possível, tem ido aos locais onde há denúncia e encontrado alternativas que evitem ao máximo o recolhimento. “Procuramos ver de quem é o animal e, se encontramos o tutor, conversamos no sentido de conscientizá-lo a cuidar melhor dele, porque não temos onde colocá-lo”.
A média mensal de solicitações, segundo ele, chega a 120, mas grande parte não dá para atender. “Os filhotes são os que mais exigem tempo da gente. Todos os dias tenho de medicar um a um”.
Funcionários
Segundo Paulo Lara, outro problema que atinge o Canil é a falta de médicos veterinários. Hoje são dois e a necessidade é de quatro profissionais. A ausência deles reduziu até a média de castrações – 230 ao mês – para 50.
As informações são de que, em breve, será nomeado mais um veterinário.
Presença
Cem pessoas participaram da discussão sobre defesa aninal.
Fonte: Gazeta de Piracicaba