Por Raquel Soldera (da Redação)
A Defensoria Pública do Equador apresentou no dia 22 uma petição para a Corte Superior de Justiça, para que crianças menores de 12 anos sejam impedidas de entrar nas arenas onde se realizam as touradas, com o argumento de que tais eventos sádicos fazem com que as crianças vejam a violência como algo natural.
De acordo com Patricio Benalcázar, Diretor Nacional de Proteção dos Direitos Humanos, as touradas afetam o desenvolvimento adequado da personalidade das crianças, conforme apontam os resultados de estudos realizados por psicólogos para respaldar a petição.
Patricio Benalcázar também declarou que quando as crianças assistem a uma tourada passam a ver a violência e os maus-tratos aos animais como algo natural.
A Defensoria quer que a Corte Superior de Justiça apoie a proibição às vésperas do início da Feira de Quito, uma das maiores do continente, que promoverá uma série de touradas a partir do dia 29 de novembro.
Desde novembro de 2008 a Defensoria tem emitido resoluções de cumprimento obrigatório, onde os menores estão proibidos de entrar nas arenas, disse Patricio Benalcázar. No entanto, essas resoluções não têm sido respeitadas e reconheceu que a polícia tem sido permissiva com a presença de crianças nas touradas.
Além disso, há duas semanas, o juiz Freddy Illescas Cerda, com sede em San Miguel de los Bancos, emitiu uma medida cautelar permitindo a entrada de crianças nas arenas, com o fundamento de que cabe aos pais decidir pela presença das crianças ou não em tais locais, devido à proteção aos “direitos culturais”.
Para Patricio Benalcázar estas razões são “desprezíveis”, já que “a guarda não é para os pais fazerem o que quiserem com seus filhos”, disse.
Ele também observou que a desculpa de uma tradição histórica é uma farsa. “Não faz mais de 50 anos que a Feira está sendo realizada” em Quito. O evento completa meio século justamente este ano.
A Defensoria também sustenta que o juiz Freddy Illescas Cerda não tem competência sobre o caso, pois a Feira é realizada em Quito, e não no município onde está o seu tribunal.
“Deram bastante incentivo para o juiz fazer o que ele fez”, denunciou Patricio Benalcázar. “No mínimo foi convencido” pelos empresários das touradas, disse.
A Defensoria contestou a decisão do juiz ante a Corte Superior de Justiça e solicita uma audiência pública para que se trate o tema “abertamente”, segundo Patricio Benalcázar.