A matança de cerca de 60 gatos no Parque do Cocó, no último mês, está ganhando cada vez mais repercussão. Defensores dos animais realizaram, ontem, uma manifestação no local com os objetivos de alertar sobre a situação e dizer um basta ao extermínio dos felinos.
São encontrados, em média, oito gatos mortos por dia. A suspeita para as causas das mortes dos felinos é de envenenamento. Segundo a presidente da União Internacional Protetora dos Animais no Ceará (Uipa-CE), Geuza Leitão, o problema não é restrito somente ao Parque do Cocó, sendo registrado na maioria das áreas de lazer, cemitérios e universidades de Fortaleza. “É preciso que se faça um trabalho educativo de conscientização. As pessoas precisam ser sensíveis a essa causa, além de saberem que, se forem pegas abandonando ou maltratando algum animal, elas serão punidas”, afirma.
Abrigo
Para Geuza Leitão, o projeto de castração dos gatos proposto pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) é ineficaz, visto que, apesar de controlar a sua reprodução, não leva os animais para locais apropriados. A presidente denuncia, ainda, o fato de o Ceará não possuir nenhum abrigo onde esses gatos poderiam receber assistência veterinária.
“Diante disso, a única saída para realmente proteger os gatos é conseguir um terreno com vigia e controlar o acesso dos gateiros (pessoas que cuidam de gatos) com crachás. Dessa forma, os animais estarão protegidos e sendo bem tratados”, comenta. O assunto divide a opinião dos moradores e frequentadores do parque. A professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), moradora do bairro e cuidadora de gatos Marta Bastos, diz-se revoltada com o problema e culpa a Semace pela situação. “Isso que está havendo é uma crueldade. A Semace, já que o Cocó é responsabilidade dela, deveria vir aqui para ver o que está acontecendo”.
A administradora e moradora do Cocó Adriana Silva afirma que não concorda com a matança dos bichos, mas não acha correto que eles vivam no parque. “A quantidade de gatos aqui era muito grande. Estávamos chegando a um ponto de não frequentar mais o local com medo de pegar doenças, já que muitos não são vacinados”.
Punição
O Artigo 32 da Lei dos Crimes Ambientais (Lei Federal 9.605/98) diz que praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos é crime com pena que pode variar de três meses a um ano de prisão e multa. A reportagem tentou contato com a Semace, mas não conseguiu retorno até o fechamento desta edição.
Fonte: Diário do Nordeste