Por David Arioch
Ontem, durante audiência na Câmara dos Deputados sobre a Instrução Normativa Nº 12/2019, defensores dos animais criticaram a permissão para uso de cães na caça de javalis e declararam que a medida pode estimular um mercado clandestino de armas, de munições e de criação de animais com essa finalidade.
Segundo o biólogo Frank Alarcón, a IN, que também permite uso de armas brancas e armadilhas do tipo jaula e curral, dá espaço para que os caçadores abatam outros mamíferos, aves e répteis, colaborando para a transmissão de doenças como a febre maculosa, além de submeter cães a situações de violência.
Alarcón destacou também que caçadores, chamados “eufemisticamente” de controladores, portando armas de fogo ou brancas, incluindo facas de grandes dimensões, usam os cães para encurralar os javalis que, sob estresse gigantesco, acabam atacando os cães que são usados como intermediários na caça.
Ao longo da discussão também foram exibidos vídeos com cenas de crueldade contra cães e javalis. Sobre o assunto, o deputado Ricardo Izar (PP-SP) defendeu que a instrução normativa deve ser revista porque o uso de cães é prática questionável na caça de javalis.
Em oposição aos defensores dos animais, o representante da Associação nacional de Caça e Conservação, Daniel Terra, disse que os caçadores são obrigados a apresentar uma série de documentos e passar por exames psicológicos antes de serem autorizados a abater os animais.
“A caça com cão dispersa os bandos de javalis, então isso faz com que eles vão para regiões novas, regiões diferentes. Isso está errado. É uma prática que, ao meu ver, é considerada errada, e, na visão da Constituição Federal, implica em maus tratos aos animais”, criticou Izar.
O deputado é autor do Projeto de Lei 9980/2018, que quer proibir e tornar crime o uso de animais em caçadas, acrescentando dispositivos na Lei de Proteção à Fauna (5197/67) e na Lei dos Crimes Ambientais (9605/98).
O projeto lembra que os javalis foram trazidos ao Brasil nos anos 1980 e desde 2013 o Ibama permite a caça desses animais, e a tendência é que isso se intensifique ainda mais agora.
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