Por Danielle Bohnen (da Redação)
Grupos de defesa dos animais promoverão a realização de um referendo na Colômbia para proibir as corridas de touros, depois da recusa da Corte Constitucional que defende mantê-las sob o argumento de que se trata de uma “tradição cultural”.
Segundo informações da agência EFE, a codiretora da organização AnimaNaturalis da Colômbia, Andrea Padilla, disse a várias emissoras locais que nos próximos dias começará a coleta de assinaturas a favor do referendo.
Padilla afirma que a decisão da Corte Constitucional foi contraditória, porque reconhece que existem maus-tratos aos animais nas corridas e outros espetáculos, mas estima que “devem continuar para não afetar o setor que se sustenta nele”. O tribunal superior “reconhece que representa maus-tratos e é inaceitável que sejam permitidos com a desculpa de que são uma tradição”, afirma Padilla.
A Corte Constitucional colombiana recusou uma resolução que visava proibir as corridas de touros e as rinhas de galos. Com seis votos a favor e três contra, determinou-se que as corridas de touros, as rinhas de galos e outros espetáculos como o coleo [parecido ao rodeio brasileiro, onde o peão montado a cavalo laça um boi pelas costas] e o rejoneo [toureiro monta um cavalo e corre atrás de um touro para fincar-lhe a banderilla, lança com adornos coloridos e ponta afiada, nas costas. Os toureiros se alternam até a morte do touro], “são tradições culturais na Colômbia e, como tal, devem manter-se”.
Entretanto, o presidente da Corte Constitucional, Maurício González, disse, em entrevista para a emissora La W, que há uma série de “restrições” que funcionam como um “desincentivo” para a celebração desses espetáculos.
“Os maus-tratos ‘excessivos’ ao animal, o que é possível evitar sem atrapalhar o espetáculo, devem ser proibidos”, afirmou Gonzalez. Também detalhou que a resolução da Corte estabelece, entre outras coisas, que as festas somente podem ser organizadas e realizadas em cidades onde exista uma tradição provada e ininterrupta, além de estar proibida a destinação de verba pública para tais eventos.
Para as organizações de defesa dos animais como a AnimaNaturalis, essas restrições da Corte são “ambíguas” e colocam em dúvida sua capacidade para desestimular esses espetáculos.