Um cão e uma cadela que tenham duas gestações por ano, podem, com as gerações que lhe sucedem, dar origem a um total de 12 cães no primeiro ano, 66 cães no segundo ano, 382 cães no terceiro ano, 2.201 cães no quarto ano e assim por diante até ao assustador número de 80.399.780 cães no décimo ano.
Em Portugal, a população de cães e gatos cresce descontroladamente, dia após dia. Há cada vez mais cães abandonados pelos tutores, mais ninhadas nascendo na rua e, consequentemente, mais cães ou gatos mal tratados, morrendo de fome, doentes, vítimas de atropelamento ou mesmo sendo mortos nos canis superlotados.
Ontem, em algumas cidades portuguesas, pessoas e organizações ligadas à defesa dos direitos animais realizaram ações de sensibilização para a esterilização dos animais e contra o abate. Coimbra não foi exceção. Pela manhã, amigos dos animais distribuíram panfletos informativos à população e tentaram mostrar que “as pessoas se preocupam com este tipo de assunto, que se interessam pelo que se passa nos canis municipais e com a forma como os animais são tratados”. Isso foi ditopor Joana Cipriano, que respondeu a um apelo nacional da Associação Portuguesa dos Direitos dos Animais com a mobilização de pessoas para estarem, em Coimbra, em frente à Câmara Municipal.
Joana Cipriano explicou que a esterilização é a única forma de, a médio e longo prazo, evitar a superpopulação, os sucessivos abandonos e a superlotação dos canis. Esterilizar agora os animais para que, depois, não tenha de se matar os descendentes, já depois de muita dor e sofrimento, deve ser a lógica. De acordo com a voluntária, há muitas associações e organizações de defesa dos animais adotando o modelo de atuação CED – capturar, esterilizar e devolver à rua, mas os ganhos apenas serão visíveis quando existir uma campanha nacional organizada, sustenta.
“Entendemos que o canil nunca deveria atribuir animais a adotantes sem antes os esterilizar, e que devia ser promovida a esterilização gratuita – ou a custo reduzido – de animais pertencentes a famílias com baixos recursos econômicos”. O investimento que se faça será sempre menor do que os custos que tem com o assassinato de animais.
É mais barato do que a eutanásia
Calculando uma semana que o animal tem de estar no canil antes de ser morto, o custos do medicamento para a eutanásia e ainda a incineração – obrigatória por lei –, o abate pode custar cerca de 60 euros, ficando-se os custos da esterilização por um terço deste valor, explicam as organizações de defesa dos animais.
Em Lisboa, uma centena de pessoas juntou-se em frente à Câmara Municipal e ações semelhantes tiveram lugar em outras cidades do país. Margarida Garrido, uma das coordenadoras da campanha de esterilização de animais abandonados, disse à Agência Lusa que, em Portugal, são mais de 100 mil os animais mortos todos os anos em canis. Já foi feito um abaixo-assinado, entregue ao ministro da Agricultura António Serrano, pedindo que a Direção-Geral de Veterinária lance uma campanha nacional de esterilização de cães e gatos.
Fonte: Diário de Coimbra