Um novo estudo publicado na revista científica Science mostra que o desaparecimento de animais silvestres responsáveis pela dispersão de sementes está comprometendo a capacidade das florestas tropicais de se regenerarem e, com isso, de capturarem carbono da atmosfera. Esses animais, como aves, macacos, morcegos e mamíferos frugívoros, são peças fundamentais no ciclo ecológico de regeneração das florestas, pois transportam e depositam sementes de árvores em diferentes áreas, permitindo o crescimento de novas plantas.
Segundo os pesquisadores, a redução drástica das populações desses animais está ligada principalmente à destruição de seus habitats, à caça, à fragmentação florestal e à crise climática. A ausência desses dispersores compromete a diversidade genética e a estrutura das florestas tropicais, que são responsáveis por armazenar cerca de 46% do carbono terrestre do planeta. Sem esses animais, a regeneração natural é prejudicada e as florestas perdem sua eficácia como sumidouros de carbono.
A pesquisa aponta que as sementes das árvores com maior capacidade de absorção de carbono costumam depender de animais de médio e grande porte para serem espalhadas. Com o desaparecimento desses animais, essas árvores estão deixando de crescer e estão sendo substituídas por espécies de menor potencial de sequestro de carbono. A consequência é uma perda dupla: biodiversidade comprometida e menor resistência do planeta às mudanças climáticas.
Para os defensores dos direitos animais e da conservação, o estudo evidencia uma verdade incontestável: proteger os animais silvestres não é apenas uma questão ética, mas também ecológica e climática. A exploração, o tráfico e o extermínio de espécies não humanas têm impactos que extrapolam os limites da compaixão — são ações que comprometem diretamente a sobrevivência de ecossistemas inteiros e a estabilidade climática global.
Preservar os animais dispersores de sementes é preservar as florestas. E preservar as florestas é proteger o equilíbrio da vida na Terra. A ciência mais uma vez confirma que a destruição da fauna é inseparável da destruição do clima. É hora de reconhecer que os animais não são recursos ou obstáculos, mas aliados fundamentais na luta contra o colapso climático.