Ela era um símbolo de resiliência, afeto e uma conexão improvável entre humanos e a vida selvagem. Ndakasi, a gorila-das-montanhas que cativou o planeta ao posar para uma selfie ao lado de guardas florestais, morreu após uma longa doença, deixando para trás um legado de esperança e conscientização. Seu último suspiro foi tão tocante quanto sua história: ela partiu nos braços de Andre Bauma, o homem que a resgatou ainda bebê e se tornou sua família.
O encontro entre Ndakasi e Bauma aconteceu em circunstâncias trágicas. Caçadores haviam acabado com a vida de seus pais, e a pequena gorila, com apenas dois meses de vida, foi encontrada agarrada ao corpo sem vida da mãe. Sem parentes vivos, não havia como garantir sua segurança na selva. Foi então que Bauma e sua equipe no orfanato de Virunga, no Congo, assumiram o papel de protetores, criando-a.
Nos anos seguintes, Ndakasi cresceu sob os cuidados dedicados de Bauma, que muitas vezes a chamava de “filha”. A rotina era marcada por brincadeiras, noites compartilhadas e uma relação que desafiava as barreiras entre espécies.
Mas foi em um momento descontraído que sua história ganhou o mundo: ao lado de outra gorila, Ndeze, Ndakasi “posou” para uma foto ao imitar a postura dos guardas, em uma cena que viralizou e emocionou milhões.
A cena divertida, porém, escondia um contexto sombrio. Os gorilas-das-montanhas, espécie criticamente ameaçada, enfrentam perigos como caça, conflitos humanos e a destruição de seu habitat. O próprio Parque Nacional de Virunga, onde Ndakasi viveu, é palco de violência constante, com grupos armados operando na região. Apesar disso, sua vida foi um raio de luz – prova de que a compaixão pode florescer mesmo em meio ao caos.
Em outubro de 2021, Ndakasi faleceu aos 14 anos, encerrando uma jornada que comoveu o mundo.
Em suas últimas palavras sobre Ndakasi, Bauma não escondeu a dor, mas também celebrou o aprendizado. “Ela me mostrou o elo entre nós e esses animais incríveis, e por que devemos lutar por eles”, disse. “Sua alegria sempre iluminou meus dias.”
Embora Ndakasi não esteja mais aqui, sua história continua, lembrando ao mundo que, às vezes, a natureza e a humanidade podem se encontrar – e se salvar.