A médica veterinária da Clínica Bem Estar Animal, Ludmila Maria Pereira de Carlos, explica que, em primeiro lugar, é preciso deixar o animal em lugar fresco e muito bem hidratado para evitar a insolação. Colocar uma pedra de gelo no pote de água ajuda a manter a bebida fresca por mais tempo. Outra dica é a água de coco. Oferecer um pouco dela, desde que geladinha, é uma opção para auxiliá-lo a manter a temperatura do corpo.
Os principais sinais que indicam que o animal pode estar com insolação e desidratação são vômito e diarreia. Para tratar em casa é indicado o soro caseiro, semelhante ao que é feito para crianças. “Um copo de 250 ml de água, com uma colher de café de açúcar e uma pontinha de sal, ajuda a reidratar. Se o bichinho não melhorar, o ideal é levá-lo ao veterinário”, explica Ludmila.
Quem costuma levar o cachorro para passear nos parques e ruas da cidade ou nos calçadões do litoral precisa ficar atento com os horários. Entre 10 e 16 horas não é adequado ficar exposto ao sol, o que pode causar queimaduras na pele. Além disso o chão está muito quente e pode machucar a pata e causar bolhas. “O correto é deixar o cão caminhar apenas na grama, não no asfalto. O calor entra pelas patinhas e o animal não percebe. Só à noite o corpo esfria e ele começa a passar mal. Em alguns casos pode causar desnaturação das proteínas e levar à morte”, diz a veterinária.
Se o tutor notar que isso está acontecendo com seu animal, um atendimento de emergência antes de levar ao veterinário é molhar todo o corpo dele com água gelada ou passar álcool na parte interna das coxas, nas axilas e no pescoço. Isso ajuda a baixar a temperatura do corpo do bichinho, que com insolação forte pode chegar a 42 graus C.
Quanto aos pelos, o correto é deixá-los bem curtos no verão. Para quem não gosta, os médicos veterinários recomendam pelo menos uma boa tosa higiênica para reduzir a quantidade de pelos em algumas regiões. A lhasa apso Mel, 3 anos, sente muito calor no verão e por isso costuma dormir fora da casinha nesses dias, sempre com a barriga estirada no chão frio. Para amenizar o sofrimento, sua tutora Daniele Guerra Iurk leva Mel para ser tosada assim que começa a temporada. “Deixamos o pelo bem baixinho. Na praia costumamos dar bastante água, mas ela fica bem largada, sempre no piso gelado e procurando sombra”, conta Daniele.
Os bichanos também sofrem
Não só os cachorros sentem dificuldades com o calor, os gatos também precisam de alguns cuidados para evitar mal-estar. A médica veterinária e professora da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), Marúcia de Andrade, diz que é necessário separar um lugar com sombra em casa para que os gatos possam ficar, além de aumentar as trocas de água, no mínimo quatro vezes ao dia, para que ela esteja sempre fresca.
A tosa também é importante para os felinos, já que com o calor os pelos caem mais e os bichinhos podem engolir maior quantidade, provocando vômitos. “É aconselhável trocar a vasilha de água de plástico por uma de louça, para conservar a temperatura do líquido”, diz Marúcia. Ela explica que, ao contrário do que muita gente pensa, não é necessário aumentar a quantidade de banhos, que deve continuar na frequência de 30 a 45 dias para os de pelos longos e três meses para os de pelagem curta.
Tanto para cães quanto para gatos, a infestação por parasitas aumenta com o calor. Por isso é importante não esquecer de dar vermífugo e remédios para pulgas e carrapatos. Para quem gosta de levar os animais à praia, o cuidado deve ser maior já que os cachorros podem contrair e transmitir bicho geográfico.
Os gatinhos Estrelinha, uma siamesa de 4 anos, Mingau, angorá de 3 anos e Floquinho, da mesma raça e idade, não costumam ir à praia no verão, mas a dona Silvana Dias Silveira toma várias medidas para deixá-los mais fresquinhos em casa. “Toso eles sempre, deixo o pelo curtinho para evitar que caia muito e que se espalhem pela casa inteira. Além disso, procuro deixar as janelas abertas, renovar a água e deixar a comida sempre fresca.”
Saúde
Doenças de pele também atingem os bichos. Algumas delas são mais frequentes no verão. Para evitá-las confira algumas dicas:
Dermatite solar
Acontece mais em animais de pelo claro. Por isso é preciso passar o protetor solar pelo menos três vezes ao dia em cães e gatos. Pode ser de uso próprio para animais, encontrado em pet shops, ou o mesmo usado em pessoas. O fator deve ser, no mínimo, 30 e passado no corpo inteiro em animais de pelo curto, nas patas, na parte acima do focinho, e nas orelhas em animais de pelos longos. Nos gatos que têm essas partes do corpo branquinhas é indispensável o uso do protetor, porque o excesso de sol pode provocar câncer de pele.
Foliculite
São manchas vermelhas pelo corpo todo do animal causadas pelo excesso de banho. Ao contrário do que os donos pensam, não é necessário aumentar a quantidade de banho por causa do calor. Nos cães deve ser a cada 10 dias e em gatos entre 30 e 45 dias – para os de pelos longos – e três meses – para os de pelos curtos.
Fungos
Eles podem aparecer no animal que não é bem seco após o banho. A veterinária recomenda que após o banho o secador seja usado, mesmo no verão. A única mudança é que deve estar na temperatura fria, e não na quente. Outra forma de prevenção é fazer o último enxágue do banho com vinagre. O correto é misturá-lo com água na mesma proporção. Meio litro de vinagre para meio litro de água, por exemplo.
Fonte: Gazeta do Povo