Um levantamento realizado pela organização britânica Protect the Wild revelou um cenário alarmante antes mesmo do início da temporada de caça de 2024 no Reino Unido: mais de 330 incidentes de crueldade, caos e ilegalidades envolvendo caçadas foram registrados durante a pré-temporada, que ocorre entre julho e outubro.
Apesar da caça com cães ser ilegal no Reino Unido há mais de duas décadas, a prática continua a colocar a vida selvagem em risco. De acordo com o relatório, a pré-temporada de 2024, também chamada de “cubbing” — período em que novos cães são treinados perseguindo jovens raposas e lebres —, resultou na perseguição de 47 raposas, três das quais foram mortas, e nove lebres, com uma vítima fatal.
Além disso, foram registrados 52 casos de perseguição a veados e 13 mortes, além de 11 interferências em tocas de texugos. Esse padrão de violência contra a fauna é acompanhado por outros crimes, como infrações de trânsito e ataques verbais e físicos a sabotadores e monitores de caça.
Outro levantamento da Protect the Wild apontou que quase 600 animais selvagens foram perseguidos ou mortos durante a temporada de caça de 2023-2024, consolidando um histórico de crueldade em atividades supostamente recreativas. Glen Black, autor dos relatórios, criticou duramente as práticas. “Estas não são ações de pessoas decentes – e são ações que foram proibidas há 20 anos”, afirmou.
Embora a organização ressalte que apenas uma pequena fração dos quase 20 mil dias de caça anuais seja monitorada por ativistas, os dados coletados oferecem um vislumbre preocupante do impacto generalizado dessas atividades sobre a vida selvagem.
Grupos em defesa dos direitos animais, apoiados por figuras públicas, têm intensificado os apelos para que o governo britânico implemente uma proibição definitiva da caça em trilhas, eliminando brechas legais que permitem a continuidade dessa violência disfarçada de tradição.
A urgência de uma ação mais rigorosa é evidente: enquanto ativistas e monitores se esforçam para documentar e expor essas atrocidades, a vida selvagem do Reino Unido continua a ser ameaçada por práticas anacrônicas e devastadoras.