(da Redação)
A partir de 2016, as pessoas que cometerem atos de maus-tratos contra os animais serão agrupadas na mesma categoria dos assassinos nos Estados Unidos. O FBI anunciou esta semana que o abuso de animais receberá uma nova categorização, sendo tipificado como “crime contra a sociedade”. As informações são do site Dog Heirs.
Essa nova categorização provavelmente ajudará as leis a favor dos animais e será uma melhor forma de rastrear os crimes de crueldade animal, já que atualmente eles são colocados na categoria “outros”, dificultando o rastreamento.
“A atividade criminal e informação de grupo será expandida para incluir quatro tipos de abusos”, lê-se em um comunicado oficial do FBI.
Haverão quatro categorias de abuso: a negligência simples, abuso intencional e tortura, abuso organizado e abuso sexual.
Segundo o FBI o conceito de crueldade se encaixa na “execução intencional, com conhecimento de causa ou de forma imprudente de uma ação que maltrate ou mate qualquer animal sem justa causa, tal como a tortura, mutilação, atormentação, envenenamento ou abandono”.
Essa nova classificação trará dois efeitos imediatos, como afirma o diretor de políticas de abuso contra animais da Sociedade Humana da América. O primeiro será o de mostrar à todas as agências policiais que esse problema deve ser encarado com seriedade, devido a sua gravidade. O segundo será a monitorização em tempo real de casos de abuso animal nos 50 estados norte-americanos, compilados em relatórios mensais pelas autoridades locais.
Estudos mostram que crianças que torturam ou matam animais podem repetir essa violência contra as pessoas quando crescerem. Sendo assim, enquadrar os crimes contra animais no mesmo nível de assassinatos é uma forma de agir com mais rigor contra quem maltrata animais e, indiretamente, impedir que essa pessoa aja com violência contra algum ser humano.
O diretor de aplicação da lei para o Monmouth County SPCA, Victor “Buddy” Amato, afirmou que o FBI está caminhando para um próximo nível e que as pessoas estão levando o combate à crueldade animal mais a sério. “Um crime violento, e se não for controlado, leva a coisas maiores”, disse.
Estudos comprovam
Segundo estudos do FBI cerca de 80% dos psicopatas começam seus crimes cometendo abusos contra os animais. Como já foi mostrado pela jornalista colaboradora da ANDA Fátima Chuecco na série “Matadores de Animais”, que aborda o universo dos serial killers, são inúmeros os exemplos, dentre eles o conhecido Caso Dalva, no Brasil, e casos como o dos assassinos Edmund Kemper e Edward Leonski, dos Estados Unidos.
Dalva Lima da Silva viveu 10 anos de sua vida se passando por protetora de animais, durante esse tempo, os matou fazendo uso de injeção letal, até que, em 2012, foi pega em flagrante, tentando se desfazer dos corpos de 37 cães e gatos. O laudo pericial atestou que todos os animais estavam saudáveis, inclusive uma cadela que teve sua região peitoral perfurada 18 vezes em uma tentativa cruel de localizar o coração para injetar o líquido que a mataria de forma extremamente dolorosa.
Edmund Kemper foi condenado à prisão perpétua pelo assassinato de oito mulheres, dentre elas, sua avó. No entanto, antes de começar a matar pessoas, ele já praticava atos de extrema crueldade contra os animais, decapitando gatos e atirando em pássaros quando tinha apenas 13 anos de idade. Já Edward Leonski foi condenado à forca, em 1942, por ter estrangulado três mulheres, crimes justificados por ele como uma forma de conseguir as vozes delas. Mas, assim como Kemper, ele também treinou seus atos de psicopatia em animais, utilizando agulhas para cegar pássaros na infância, ato que poder ter ligação com o canto das aves.
De acordo com a jornalista Fátima Chuecco, os alvos prediletos dos psicopatas são “criaturas frágeis, ingênuas, indefesas, fáceis de enganar, capturar e manter sob seu domínio – e os animais se enquadram em todos os itens, assim como as crianças, mulheres e idosos que, numa segunda etapa da vida de um psicopata, podem se tornar seus alvos”. Sendo assim, é preciso olhar para essa questão de outra forma, tendo consciência da necessidade de punir severamente quem comete abusos contra animais e, além disso, ver essa punição como uma prevenção que impede posteriores vítimas humanas.