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CRUELDADE

Crocodilo é resgatado com focinho amarrado em rio na Austrália

O ato foi descrito pelo guia que fez o resgate como intencional e uma 'sentença de morte lenta', que impedia o crocodilo de se alimentar e se defender.

8 de outubro de 2025
Redação ANDA
3 min. de leitura
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Foto: Departamento de Parques e Vida Selvagem do Território do Norte

Jiminy, um crocodilo-de-água-salga juvenil de dois metros, foi encontrado com o focinho cruelmente amarrado por braçadeiras de nylon. Antes de ser resgatado, ele estava condenado a uma morte lenta por inanição.

Resgatado por um guia turístico, Jiminy estava desnutrido e em sofrimento quando foi localizado às margens do rio Adelaide, na Austrália. O guia Wookie acionou o Departamento de Parques e Vida Selvagem do Território do Norte, que autorizou o resgate. O processo para libertar o animal levou 40 minutos e exigiu paciência e cuidado extremo.

“Não há como em nenhum momento isso ter sido um acidente… Jiminy é grande e pesado demais para ser puxado acidentalmente para um barco”, afirmou Wookie. “Foi uma coisa intencional… quem quer que tenha feito isso pensou sobre isso e decidiu que ainda era uma boa ideia matar este crocodilo, basicamente de uma das maneiras mais lentas possíveis.”

De acordo com o guia, um crocodilo precisa consumir cerca de 1% de seu peso corporal por semana para sobreviver. Com o focinho amarrado, Jiminy não conseguia se alimentar nem se defender de outros crocodilos, o que o tornava um alvo fácil em conflitos.

Espécie protegida, mas sob ameaça

Os crocodilos-de-água-salga (Crocodylus porosus) são uma espécie protegida no Território do Norte, e mexer neles sem permissão é crime. Ainda assim, casos como o de Jiminy vêm crescendo, impulsionados por comportamentos imprudentes e pela busca por curtidas nas redes sociais.

Sam Hyson, diretor interino de operações de vida selvagem do NT Parks and Wildlife, confirmou que uma investigação foi aberta. “Esses atos mostram um desrespeito pela vida selvagem. Temos visto cada vez mais pessoas manipulando animais para ganhar seguidores ou curtidas, e isso tem consequências sérias para os ecossistemas”, disse.

Recentemente, vídeos de influenciadores interagindo de forma irresponsável com animais, como um homem que pulou sobre um crocodilo no norte de Queensland, despertaram revolta pública. Casos assim estressam os animais e incentivam imitações perigosas.

Pedido por mais proteção

ONGs defensoras dos direitos animais criticaram duramente o ataque a Jiminy e pediram punições mais severas. Em uma declaração, Suzanne Milthorpe, chefe de campanhas da World Animal Protection Australia, disse que é “cruel e inaceitável” abusar da vida selvagem.

Ela pediu penalidades mais severas para pessoas que violam as leis de proteção aos crocodilos. “A vida selvagem merece ser amada à distância”, disse Suzanne. “Há tantos problemas de bem-estar enfrentando os crocodilos, então incidentes como este são um golpe adicional para esta espécie inteligente.”

Ally Syzc, CEO do Santuário de Vida Selvagem de Darwin e defensora dos direitos animais, disse que a questão é complexa porque muitos usuários das redes sociais retratam os animais como “algo cômico ou uma ferramenta de entretenimento”.

Com recursos limitados, o órgão ambiental do Território do Norte enfrenta dificuldades para monitorar a vasta região e coibir abusos. Syzc defende o uso de tecnologias, como drones, e a ampliação de parcerias com guardas-florestais indígenas, que têm conhecimento tradicional sobre os crocodilos e seu habitat.

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