O Relatório “Planeta Vivo 2024”, elaborado pela ONG WWF e divulgado este mês, reforça a urgência de ações para restauração e conservação da biodiversidade, que está em franco declínio devido à, principalmente, ações humanas. O documento alerta para a aproximação de “pontos de não retorno” em diversas regiões do planeta.
Para o Brasil, o estudo ressaltou que a floresta amazônica pode estar à beira de um colapso. Se 20% a 25% de sua cobertura florestal for perdida, a possibilidade de alterar padrões climáticos globais por conta da liberação de grandes quantidades de carbono na atmosfera é enorme. Atualmente, estima-se que 14% da Amazônia tenha sido desmatada.
Um ponto alarmante ressaltado no relatório é a degradação e morte em massa de recifes de corais. A perda desses ecossistemas tem sido causada intensamente pelas mudanças climáticas e degradação ambiental, afetando drasticamente a pesca e expondo centenas de milhões de pessoas aos efeitos de tempestades. Os recifes funcionam como barreiras naturais, protegendo a costa da ação do mar.
América Latina é afetada pela perda de biodiversidade
O principal motivo pelo alcance de pontos de inflexão (não retorno) em ecossistemas na América Latina é a degradação da biodiversidade. Os dados são preocupantes. Desde 1970, a região teve uma a maior taxa de declínio de populações de espécies do mundo, representando 95%.
A perda de diversidade de espécies da fauna brasileira foi exemplificada com uma pesquisa conduzido na Mata Atlântica. O estudo levou em conta mais de duas mil espécies de árvores e mais de 800 espécies de animais. Pesquisadores verificaram que a perda da fauna frugívora, como antas, tucanos, micos, entre outros, por conta de caça e do tráfico de animais, pode alterar a composição de espécies vegetais da floresta, fazendo com que esse ecossistema perca a capacidade de armazenamento de carbono. Tal fenômeno tem o potencial de causar uma queda na capacidade das florestas de armazenar carbono de 2% a 12%.
Espécies de fauna silvestre estão altamente ameaçadas
O Índice Planeta Vivo, realizado pela Sociedade Zoológica de Londres (ZSL), que monitorou 35 mil vertebrados de mais de 5 mil espécies entre 1970 e 2020, concluiu que as maiores perdas de populações de fauna aconteceram em animais de água doce (85%), seguido pelos terrestres (69%) e marinhos (56%).
Além disso, 65% da população de botos-vermelhos amazônicos (Inia geoffrensis) foi perdida em 28 anos, além de mais de 330 botos terem morrido em 2023 por conta da seca extrema no rio Amazonas.
Conclusões não são esperançosas
Embora o planeta, como um todo, tenha avançado em programas de conservação e restauração, o ritmo e a escala de ação para conter os avanços das mudanças climáticas segue muito abaixo do necessário.
Os países estão reunidos na 16ª Conferência das Partes (COP 16), na Colômbia, evento que espera-se ser marcado por viabilizar estratégias para a implementação do Acordo Global de Biodiversidade Kunming-Montreal, firmado na COP 15.
Fonte: Fauna News