Esta semana foi histórica para o clima na Terra. Experimentamos os três dias mais quentes já registrados na história recente de forma consecutiva, um atrás do outro. De acordo com o serviço climático do observatório Copernicus, da União Europeia, a temperatura média global da última 3ª feira (23/7) foi de 17,15ºC, ligeiramente abaixo do recorde histórico observado um dia antes, de 17,16ºC. O último domingo (21), que chamou a atenção por bater o recorde histórico de 6 de julho de 2023 (17,08ºC), agora é o 3º dia mais quente já registrado, com 17,09ºC.
A sequência de recordes históricos de calor é preocupante. Isso porque, diferentemente do último verão, quando o planeta ainda vivia sob os efeitos do fenômeno El Niño, hoje as condições climáticas no Pacífico Central estão neutras e devem evoluir para a formação de um La Niña. Ou seja, o calor que a Terra experimenta atualmente está relacionado principalmente às mudanças climáticas causadas pela humanidade.
Os recordes históricos desta semana precisam servir como alerta para os governos sobre a urgência da ação climática e do fim do consumo de combustíveis fósseis, defendeu o secretário-geral da ONU, António Guterres. Nesta 5ª feira (25), a ONU divulgou um “apelo à ação” para melhorar a cooperação internacional para lidar com o calor extremo.
“As temperaturas extremas não são mais um fenômeno de um dia, uma semana ou um mês. Se há uma coisa que une nosso mundo dividido, é que todos nós estamos sentindo cada vez mais calor. A Terra está se tornando mais quente e perigosa para todos, em todos os lugares”, afirmou Guterres em coletiva de imprensa.
O apelo foca em quatro áreas críticas no enfrentamento ao calor extremo: o cuidado às populações mais vulneráveis; a proteção aos trabalhadores, especialmente aqueles expostos ao calor; a melhoria da resiliência das economias e das sociedades; e a eliminação gradual dos combustíveis fósseis para limitar o aquecimento global em 1,5ºC neste século.
Nessa última área, o chefe da ONU reforçou suas críticas à insistência de alguns governos, especialmente entre as nações desenvolvidas, em investir em novos projetos de produção de combustíveis fósseis, classificando esse vício como uma “doença” que precisa ser urgentemente combatida.
“Ao assinar uma nova onda de licenças de petróleo e gás, [os países] estão assinando a sentença de morte do nosso futuro. A liderança daqueles com as maiores capacidades [de ação] é essencial. Os países devem eliminar gradualmente os combustíveis fósseis, de forma rápida e justa”, disse Guterres.
Bloomberg, Climate Home, Guardian, Independent, Reuters e Washington Post, entre outros, repercutiram o apelo de Guterres. A Associated Press também abordou o novo recorde de calor registrado pelo observatório Copernicus.
Fonte: ClimaInfo