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DESASTRE NATURAL

Crise climática pode levar Chile a risco de mais incêndios florestais mortais, diz relatório

As regiões de Viña del Mar e Valparaíso, que são destinos turísticos procurados, estiveram entre as áreas mais atingidas pelos incêndios florestais no país no início do mês

23 de fevereiro de 2024
Redação Um Só Planeta
3 min. de leitura
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Vista aérea das ruínas do incêndio florestal em Villa Independencia, região de Valparaíso, Chile, em 4 de fevereiro de 2024 — Foto: Javer Torres/AFP/GettyImages

Incêndios florestais mortais como os que atingiram a região central do Chile e mataram pelo menos 133 pessoas neste mês vão se tornar mais prováveis à medida em que as mudanças climáticas tornam o mundo mais quente e seco, de acordo com um relatório divulgado nesta quinta-feira (22).

Os incêndios foram o desastre natural mais mortal no Chile desde o terremoto de 2010, que matou cerca de 500 pessoas. Ventos fortes e altas temperaturas ajudaram a impulsionar o rápido avanço das chamas em áreas povoadas ao redor das cidades de Viña del Mar e Valparaíso.

O relatório da World Weather Attribution, um grupo internacional de cientistas que estuda os efeitos das mudanças climáticas em eventos climáticos extremos, analisou o aumento nas condições que alimentam os incêndios – temperatura, velocidade do vento e umidade atmosférica – medido por uma métrica chamada Hot Dry Windy Index (HDWI).

O relatório concluiu que nem o aquecimento global nem o fenômeno climático El Niño impulsionaram o recente aumento do HDWI durante os incêndios, uma vez que a região costeira do Chile está, na verdade, esfriando enquanto as temperaturas aquecem no interior do país. Mas isso mudará com o agravamento das mudanças climáticas, disseram os cientistas. “Esperamos que muitos desses incêndios aconteçam no futuro”, disse Joyce Kimutai, pesquisadora do Instituto Grantham do Imperial College de Londres e coautora do estudo, a repórteres.

No atual cenário global de 1,2ºC de aquecimento em comparação com os tempos pré-industriais, os cientistas disseram que seria esperado um período de quatro dias com um HDWI semelhante aos incêndios recentes uma vez a cada 30 anos.

“No entanto, se o aquecimento atingir 2 graus Celsius, é provável que o clima propenso a incêndios se torne mais intenso em torno de Vina del Mar e Valparaíso”, disse Tomas Carrasco, pesquisador da Universidade do Chile e coautor do relatório, conforme a Reuters. As temperaturas deverão subir até 2,9ºC neste século, com base nas atuais promessas climáticas, segundo as Nações Unidas.

Os autores do relatório também apontam que o crescimento urbano e a mudança no uso do solo foram grandes fatores que levaram os incêndios a serem tão mortais.

Mauricio Santos, do Centro Climático da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho na Colômbia, disse que a expansão das plantações de pinheiros e eucaliptos destruiu barreiras naturais corta-fogo ao longo de décadas, enquanto as áreas urbanas invadiam as florestas. “Descobrimos que os incêndios mais devastadores ocorreram em áreas com mudanças significativas no uso do solo e onde o planeamento urbano era inadequado”, disse Santos, acrescentando que são necessários melhores sistemas de alerta, planeamento de evacuação e sistemas de proteção contra incêndios.

Fonte: Um Só Planeta

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