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IMPACTO

Crise climática influencia os atropelamentos de fauna?

Estudo na Estação Ecológica do Taim (RS) verificou a mudança na dinâmica dos atropelamentos de fauna devido a alagamentos.

15 de junho de 2024
Gabriela Schuck de Oliveira
3 min. de leitura
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Capivaras na margem da rodovia BR-471, na Estação Ecológica do Taim (RS) – Foto: Diógenes Arruda

Durante eventos de crise climática, muitas vezes as rodovias servem como a principal rota de fuga ou de apoio para as pessoas impactadas. Com esses acontecimentos se tornando cada vez mais frequentes e as rodovias cumprindo um papel importante nesse cenário, surge a necessidade de adaptar  e/ou incluir novas rotas para não intensificar ainda mais as consequências das catástrofes.

Já comentamos aqui o quanto as estradas auxiliaram nos incêndios de 2020 que acometeram o Pantanal. Esse evento foi ocasionado por ação humana e por um longo período de estiagem, consequência das mudanças climáticas. Alertamos que, nessas situações, as estradas não são apenas um refúgio humano e um corredor de acesso às áreas impactadas, mas também são importantes para toda a fauna que está tentando sobreviver. Nessas situações, os deslocamentos por rodovias são intensificados, e, consequentemente, os animais ficam mais vulneráveis aos atropelamentos.

Recentemente, estamos vivenciando mais uma consequência das mudanças climáticas: as chuvas intensificadas em um curto período de tempo, ocasionando severas inundações. Com o ambiente alagado, a disponibilidade de recursos e lugares para se locomover fica escassa, e, mais uma vez, as rodovias (quando estão mais elevadas do que o ambiente ao redor) acabam sendo um local de refúgio para a fauna. Com os animais expostos e concentrados nos corredores lineares, a chance de acontecerem atropelamentos é ainda maior.

Estudo em uma região alagável no Rio Grande do Sul

Um estudo realizado em uma região alagável no sul do Rio Grande do Sul (Estação Ecológica do Taim) evidenciou que os atropelamentos de animais aumentaram com o nível de água elevado ao redor da rodovia. Isso ocorreu até mesmo em locais com estruturas mitigadoras para passagem de fauna, pois muitas ficaram submersas.

Essa situação pode ser um alerta para outros cenários. Por exemplo, em locais onde não é usual alagar e que agora passam a ser alagados por conta de mudanças no clima, pode ser que o ocorra um aumento de atropelamentos. É claro que se faz necessário evidenciar esses acontecimentos para que possamos colocar mais essa pauta como consequência das mudanças climáticas.

Do fogo à água, estamos fugindo de situações extremas incompatíveis com a qualidade de vida que todos buscamos. Estamos sofrendo as consequências da escolha de um estilo de vida não sustentável e de uma visão excludente do pertencimento dos seres humanos com o restante da natureza. Enquanto não mudarmos a nossa forma de nos relacionar com o ambiente, os nossos hábitos de consumo e o individualismo, vamos continuar a discutir mitigações temporárias, que não atingem a causa. Estaremos sempre correndo atrás do prejuízo, quando a pauta deveria ser evitar que isso tudo aconteça.

Mitigar os impactos das mudanças climáticas, incluindo os indiretos, como o possível aumento de atropelamentos, tem prazo de validade. Vão se acumular tantos impactos ao longo do tempo que não vamos conseguir assegurar a sobrevivência das espécies e a nossa qualidade de vida.

Fonte: Fauna News

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