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ALARMANTE

Crise climática desregula ciclo da água na Terra e tendência é de piora, diz relatório

Instabilidade está diretamente ligada ao aumento das temperaturas globais, impulsionado pela queima de combustíveis fósseis

7 de janeiro de 2025
Raony Salvador
2 min. de leitura
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Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

A crise climática está transformando profundamente o ciclo hídrico global, gerando inundações intensas e secas severas que já afetam bilhões de pessoas. Um relatório recente destaca os impactos dessa mudança no ano mais quente já registrado, revelando um cenário de extremos cada vez mais frequentes.

De acordo com o Relatório Global Water Monitor 2024, desastres relacionados à água resultaram em pelo menos 8.700 mortes, deslocaram 40 milhões de pessoas e provocaram prejuízos econômicos de mais de US$ 550 bilhões. Esses eventos estão diretamente ligados ao aumento das temperaturas globais, impulsionado pela queima de combustíveis fósseis. O aquecimento provoca alterações no ciclo da água: o ar quente retém mais vapor, intensificando chuvas torrenciais; oceanos mais quentes aumentam a força de furacões; e solos secos enfrentam maior evaporação, agravando secas prolongadas.

Eventos extremos em 2024

No Nepal e no Brasil, enchentes súbitas causaram destruição, enquanto inundações de rios devastaram regiões da Europa Central, China e Bangladesh. Fenômenos como o supertufão Yagi, no sudeste asiático, e a tempestade Boris, na Europa, foram amplificados pelas mudanças climáticas. No sul da África, uma seca severa reduziu a produção agrícola em 50%, colocando 30 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar.

Uma tendência alarmante

Os pesquisadores do relatório destacam que 2024 não foi um caso isolado, mas parte de um padrão crescente. Dados indicam que recordes de precipitação mensal foram 27% mais frequentes em 2024 em comparação ao ano 2000, enquanto episódios de baixa precipitação aumentaram 38%.

Na China, entre maio e julho, as enchentes dos rios Yangtze e Pearl deslocaram milhares de pessoas e causaram prejuízos massivos às plantações. Em Bangladesh, as monções afetaram 6 milhões de habitantes, destruindo mais de um milhão de toneladas de arroz. Já em Porto Alegre, no Brasil, o equivalente a dois meses de chuva caiu em apenas três dias, transformando ruas em rios.

Olhando para o futuro

As previsões climáticas para 2025 indicam que secas devem se intensificar na América do Sul, África e Ásia, enquanto regiões como Sahel e Europa enfrentam riscos crescentes de inundações.

“Precisamos de estratégias urgentes para mitigar esses extremos, incluindo sistemas de alerta precoce, defesas contra inundações e produção agrícola resiliente”, afirmou o professor Albert van Dijk, coordenador do relatório. “A gestão da água será central para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas.”

Fonte: Revista Fórum

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