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OBJETIFICAÇÃO

Criatório em Minas Gerais fatura R$ 1 milhão por ano explorando jiboias

Tendência da domesticação de animais silvestres não considera as consequências emocionais que as serpentes e outros animais sofrem aprisionados em ambientes artificiais

8 de janeiro de 2025
Júlia Zanluchi
2 min. de leitura
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Foto: Leandro Avelar | Wikimedia Commons

Na cidade de Betim, em Minas Gerais, um criatório está lucrando 1 milhão de reais anualmente com a exploração de jiboias. O Jiboias Brasil, comandado pelo biólogo Tiago de Oliveira, é apontado como o maior criatório de jiboias da América Latina.

A criação de jiboias para fins comerciais levanta sérias preocupações. As serpentes, assim como outros animais silvestres, possuem um papel vital nos ecossistemas e não foram feitas para viverem em terrários. Transformá-las em mercadorias não apenas desrespeita sua autonomia, mas também perpetua uma cultura que reduz os animais a objetos de consumo.

Mesmo que o criatório seja regulamentado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) e do Ibama, a comercialização de jiboias filhotes, oferecidas a partir de R$ 2.500, reforça a ideia de que a vida animal pode ser apropriada por caprichos humanos, ignorando as necessidades e comportamentos naturais dessas espécies.

O biólogo afirmou em entrevista ao O Tempo que as jiboias “necessitam de pouca atenção e são ideais para quem viaja com frequência”. Muitos tutores, atraídos pela promessa de praticidade, como alimentação barata ou pouca necessidade de atenção, podem subestimar os cuidados necessários, resultando em negligência ou abandonos.

A tendência da domesticação de animais silvestres não considera as consequências emocionais que as serpentes e outros animais sofrem aprisionados em ambientes artificiais. Mesmo que “ideal” para humanos que viajam com frequência, as jiboias não são itens decorativos e possuem instintos que não podem ser plenamente atendidos em cativeiro.

A popularização de cobras como animais domésticos é apenas um dos reflexos de uma sociedade que trata animais como produtos. A crescente procura por espécies como araras, papagaios e pequenos mamíferos, sob a justificativa de que estão “regulamentados”, não apaga o fato de que esses seres sencientes deveriam estar em seus habitats naturais, exercendo suas funções ecológicas.

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