A criação intensiva de animais está reduzindo a expectativa de vida saudável do ser humano médio em 1,8 anos, de acordo com uma pesquisa global inovadora conduzida pela organização World Animal Protection.
Até o momento, muito pouca pesquisa foi realizada sobre os inúmeros efeitos da indústria global de criação intensiva de animais, que também se acredita causar danos ambientais generalizados, bem como sofrimento desnecessário aos animais.
O Índice de Criação Intensiva de Animais (Fazenda Industrial) da organização beneficente afirmou que as principais causas da redução da expectativa de vida humana, como resultado da criação intensiva de animais, são a resistência a antibióticos, bem como as doenças.
Segundo a FFI, 66 mil toneladas de antibióticos são utilizadas em vacas, porcos e galinhas criados em granjas industriais, o que representa o dobro da quantidade utilizada em seres humanos.
Essas substâncias são frequentemente administradas a animais perfeitamente saudáveis para mitigar os riscos de doenças e estresse em condições de criação intensiva em larga escala e sem higiene.
Além disso, o grande volume de dejetos animais excretados em granjas industriais contamina o meio ambiente com amônia, óxido nitroso e partículas finas. Essas substâncias têm sido associadas a problemas de saúde pulmonar em humanos, principalmente naqueles que trabalham e vivem perto dessas instalações.
Além disso, o consumo excessivo de carne, particularmente carne vermelha e processada, tem sido associado a inúmeras doenças, incluindo câncer colorretal, doenças cardíacas, acidente vascular cerebral e diabetes.
Condições horríveis para os animais
A criação intensiva de animais também levanta sérias questões éticas, dados os níveis de sofrimento registrados em muitas instalações. É preocupante que 74% dos animais criados em fazendas industriais sejam produzidos em países onde não há legislação sobre abate. O abate sem insensibilização prévia é permitido em muitos casos. Práticas comuns incluem o uso de gaiolas de gestação para porcas e gaiolas de bateria para galinhas.
Esses animais também têm uma expectativa de vida significativamente menor, com a World Animal Protection estimando que as galinhas criadas em fazendas vivem apenas 5% de sua expectativa de vida potencial, enquanto os porcos vivem apenas 4%.
Na África do Sul, estima-se que 99% de todos os ovos, 75% da carne bovina e 60% da carne suína sejam provenientes de criações industriais, de acordo com um estudo encomendado pela Humane World for Animals e pesquisado por Linzi Lewis.
“Os animais na agricultura são valorizados exclusivamente pelo seu uso econômico e de consumo, com pouca atenção sendo dada às condições em que os animais são mantidos, transportados e abatidos”, disse Lewis.
O estudo local também constatou que o setor pecuário é um dos principais responsáveis pela degradação do solo e pela poluição da água e do solo.
Os meios de subsistência também dependem do setor, com a produção comercial de gado empregando cerca de 162.000 pessoas e outras 185.000 na agricultura mista, enquanto se acredita que a pecuária também desempenhe um papel significativo nos meios de subsistência de mais de um milhão de agricultores comunitários e de pequena escala.
“A única solução duradoura é abandonar a criação intensiva de animais e adotar um sistema alimentar equitativo, humano e sustentável”, afirmou Tricia Croasdell, CEO da World Animal Protection.
“Isso significa tornar os alimentos à base de plantas uma parte maior de nossas dietas, ao mesmo tempo que apoiamos os pequenos produtores que priorizam o cuidado com os animais e com a terra, garantindo que qualquer criação de animais remanescente atenda aos mais altos padrões de bem-estar animal, proteção ambiental e saúde humana.”
Croasdell destacou a necessidade de apoiar os países na busca de soluções para o futuro da alimentação de suas populações, sem prejudicar a saúde humana, os animais e o planeta.
“Esta pesquisa é clara: para alcançarmos uma melhor qualidade de vida para as pessoas, precisamos de uma melhor qualidade de vida para os animais. Isso significa, em última análise, priorizar dietas à base de plantas, acabar com a criação intensiva de animais e reduzir o impacto ambiental que todos enfrentamos se não agirmos”, disse Croasdell.
A criação intensiva de animais também contribui significativamente para as emissões de gases de efeito estufa, sendo que o sistema agroalimentar global é responsável por cerca de 29,7% das emissões totais, além de causar cerca de 25% da poluição da água provocada pela atividade humana.
De acordo com os dados mais recentes, cerca de 76 bilhões de animais são criados em fazendas industriais em todo o mundo, sendo que 45% das vacas, porcos e galinhas são criados em apenas quatro países: Estados Unidos, China, Brasil e Indonésia.
De acordo com o Índice FFI, os países com maior consumo per capita são Israel, Panamá, Bielorrússia e Catar. Nesses países, o consumo médio por pessoa é de 10 animais por ano.
Fonte: IOL