EnglishEspañolPortuguês

HABITATS DESTRUÍDOS

Crescimento populacional aumentará a sobreposição entre humanos e vida selvagem em 57%

8 de setembro de 2024
2 min. de leitura
A-
A+
Foto: Adobe Stock

Uma nova pesquisa, publicada recentemente na revista Science Advances, alerta para o aumento significativo da sobreposição entre humanos e vida selvagem nos próximos 50 anos, impulsionada principalmente pelo crescimento populacional humano. O estudo projeta que até 2070, essa sobreposição poderá afetar 57% das terras do planeta, colocando em risco áreas que atualmente abrigam a biodiversidade.

Os autores da pesquisa destacam que o principal fator para essa expansão será o aumento das densidades populacionais humanas, e não necessariamente as mudanças climáticas alterando o habitat dos animais selvagens. O aumento da demanda por espaço tornará ainda mais desafiador preservar áreas destinadas exclusivamente à vida selvagem, longe da urbanização e das atividades humanas.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), a população mundial atingiu oito bilhões em 2022 e deve crescer em quase dois bilhões nas próximas três décadas, podendo ultrapassar 10 bilhões por volta da década de 2080. Atualmente, mais da metade de toda a terra disponível já é utilizada de alguma forma pelos humanos, número que pode chegar a 70% até 2060, com grande parte dessa ocupação sendo destinada à pecuária e à produção de alimentos para animais de criação.

Esse cenário de sobreposição crescente tende a agravar os conflitos entre humanos e animais, além de intensificar a degradação de habitats e a perda de biodiversidade. A redução da biodiversidade, por sua vez, é um dos principais fatores que contribuem para o surgimento de surtos de doenças infecciosas, especialmente aquelas de origem zoonótica, como têm demonstrado recentes crises sanitárias.

A convivência entre humanos e vida selvagem já tem gerado conflitos, especialmente em regiões densamente povoadas como Índia e China, onde incidentes fatais envolvendo elefantes e outros animais são frequentes. Na Índia, por exemplo, cerca de 500 pessoas morrem anualmente devido a ataques de elefantes, segundo dados da CNN. No Quênia, mais de 200 mortes de civis por elefantes africanos foram registradas na última década, com muitos animais sendo mortos em retaliação.

Para o coautor do estudo, Dr. Neil Carter, o planejamento de conservação precisa se adaptar a esse novo cenário. “Com mais áreas do mundo sendo compartilhadas por humanos e vida selvagem, será necessário um planejamento criativo e inclusivo para garantir uma coexistência sustentável”, afirmou Carter ao Museu de História Natural. Ele reforça que, com um planejamento antecipado, há ferramentas suficientes para promover uma convivência equilibrada entre pessoas e animais selvagens.

    Você viu?

    Ir para o topo