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Crescente demanda por carne impulsiona pandemias

8 de julho de 2020
3 min. de leitura
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Foto: Andrew Skowron

A Organização das Nações Unidas (ONU) publicou ontem (6) um relatório afirmando que entre as tendências que favorecem pandemias a partir de doenças zoonóticas, ou seja, entre animais e humanos, estão a crescente demanda por proteína animal, a expansão da agropecuária, o aumento da exploração da vida silvestre e a crise climática.

Segundo a publicação, a crescente demanda por alimentos de origem animal estimula a intensificação e industrialização da produção animal. Com isso, quanto mais a agropecuária cria e confina animais com o mesmo perfil genético, e próximos uns dos outros, mais se tornam suscetíveis a contrair e disseminar novas doenças.

“Animais domésticos estão sendo mantidos em estreita proximidade e, muitas vezes, abaixo da condição ideal. Essas populações hospedeiras geneticamente homogêneas são mais vulneráveis ​​às infecções do que aquelas geneticamente diversas”, informa o relatório “Prevenir a Próxima Pandemia: Doenças Zoonóticas e Como Quebrar a Cadeia de Transmissão”.

A publicação, que sugere medidas para reduzir a proliferação de doenças zoonóticas como a covid-19, cita que a gripe suína surgiu como consequência da criação de porcos em confinamento.

O relatório de 82 páginas afirma que com a expansão da agropecuária a partir da década de 1940, fortalecendo os sistemas de criação intensiva, houve ampliação do número de doenças infecciosas zoonóticas em mais de 50%.

“Além disso, cerca de um terço das terras cultivadas está sendo usado para alimentação animal. Em alguns países [incluindo o Brasil], isso impulsiona o desmatamento.”

Monocultura de animais é um problema

Em maio, a ONU disponibilizou em seu canal no YouTube um vídeo que aponta que as monoculturas de animais nos aproximam de pandemias.

O vídeo cita como exemplo o desmatamento e o impacto causado na vida de animais silvestres que, em decorrência da intervenção humana, acabam tendo uma maior relação de proximidade. Isso pode facilitar a transmissão de doenças para espécies domésticas, como é o caso do gado criado em grande escala.

“Se você remover alguns desses [animais que atuam como] hospedeiros e criar uma monocultura de animais, eles provavelmente serão transmissores de doenças”, diz Bernard Bett, especialista em doenças infecciosas negligenciadas e emergentes do Instituto Internacional de Pesquisa Pecuária.

É importante proteger a natureza

Isso explica porque é importante proteger a natureza, já que a alta diversidade de espécies hospedeiras pode reduzir o risco de doenças – o que é chamado de efeito de diluição.

Embora as doenças zoonóticas sejam compartilhadas entre animais e pessoas, manter a natureza e a diversidade de espécies intactas nos protege de pandemias, segundo a ONU.

“Precisamos investir em conhecimentos científicos sobre como a atividade humana pode afetar potenciais zoonoses no futuro. Agora é hora de apreciar o papel da saúde do nosso planeta e tomar atitudes urgentes para conservar a natureza.”


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