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Cresce o número de galos e galinhas abandonados nos Estados Unidos

25 de julho de 2013
4 min. de leitura
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Por Patricia Tai (da Redação)

Foi publicado no The New York Times um anúncio revelando uma novidade no cenário de animais domésticos nos Estados Unidos: uma galinha perdida.

Uma leitora postou um anúncio na seção de Achados e Perdidos, em que dizia:

“Nós resgatamos uma galinha que vagava na área do Windsor Terrace – na região da Décima Avenida e Prospect Park. Alguém perdeu uma galinha? Alguém pode adotá-la? Eu não tenho espaço suficiente para ficar com ela permanentemente. Tenho fotos mas não estou conseguindo anexar.
Obrigada pela atenção
Helen”.

A foto foi publicada no The New York Times:

The New York Times, July 18, 2013
The New York Times, July 18, 2013

A foto tinha a legenda: “Encontrada no Prospect Park: uma galinha de cor amarelada. Ela precisa de um lar.”

Esse caso ilustra uma consequência de um novo hábito na América do Norte e sobretudo nos Estados Unidos: a crescente popularidade dos galinheiros em quintais urbanos como hobby nos últimos anos.

O assunto foi pauta de uma matéria publicada na ANDA em abril deste ano, criticando uma empresa americana que passou a comercializar pintinhos como animais domésticos pela Internet para atender a esta demanda.

A criação destas aves como animais domésticos já começou a trazer reflexos na região. Uma matéria recente da Tree Hugger informou que está crescendo vertiginosamente o número de galos em abrigos de animais.

Em uma reportagem da NPR, Michaeleen Doucleff explica que os galos estão aumentando em número nos abrigos pois muitas cidades não permitem os ruídos típicos emitidos por eles.

“Quando criadores urbanos compram pintinhos online, como é comum, fornecedores não podem dizer com certeza se estão mandando uma fêmea ou um macho”, informou Doucleff.

Isso significa que muitos compradores acabam adquirindo galos, quando realmente desejavam galinhas. “E uma vez que esse animal cresce, seu destino está selado: ou a frigideira, ou o abrigo local”, diz a reportagem.

Susie Coston, do Farm Sanctuary em Nova York, disse que só em uma das suas unidades recebe 400 a 500 galos por ano.

"Não me deixe" - Cidades americanas permitem galinhas mas não galos. (Foto: NPR)
“Não me deixe” – Cidades americanas permitem galinhas mas não galos. (Foto: NPR)

Mas não só os galos são abandonados ou deixados em abrigos. Quando os criadores percebem que as galinhas “dão trabalho” ou quando estas não põem mais ovos, também são abandonadas.

A reportagem do NPR cita outras matérias recentes sobre o assunto, publicadas em veículos importantes: “Galinhas enchem abrigos na medida em que criadores de quintal se cansam delas” (Time.com); “Criadores modernos abandonam galinhas urbanas porque dão muito trabalho” (Canada’s National Post).

O santuário Marin Humane Society localizado em Novato (Califórnia) abriga galinhas “descartadas”, não pelos criadores urbanos e sim pela indústria produtora de ovos.

“Estas galinhas, que já foram exploradas pela indústria e ainda têm capacidade de pôr ovos mas não na mesma quantidade que as mais jovens, geralmente são mortas pelos avicultores para alimentação humana. Nós conseguimos salvar algumas e damos uma chance de vida a elas em nosso santuário”, afirma John Reese, que dirige o Marin Humane Society.

Segundo ele e outros comentaristas do assunto, essa pode ser uma solução para que não haja aumento no número de galos abandonados nas cidades – que os americanos que realmente quiserem criar galinhas em suas residências passem a adotar apenas animais já adultos e, de quebra, “que sejam estas galinhas que foram salvas de serem mortas pela indústria”, sugere Reese que, em entrevista ao The Salt, anunciou que vem notando um leve aumento nas adoções de animais de seu santuário nos últimos tempos.

Nota da Redação: As pessoas não conseguem prestar um atendimento e cuidado digno nem aos animais já tradicionalmente caracterizados como domésticos, como os cães e os gatos, e agora tendem a criar mais um problema ao insistir em criar galinhas, algo totalmente desnecessário e sem sentido.

O que parece ainda mais assustador é que, no momento em que grupos conscientes lutam pelo fim da comercialização de animais em Pet Shops, emerge a venda de filhotes destas aves pela Internet, perpetuando a indústria de venda de seres sencientes e coisificando totalmente os animais mais uma vez, como se não bastasse o suplício passado por esses animais nos aviários e matadouros.

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